Compensação de Carbono: conceito, créditos e mercado de carbono
Países, empresas e pessoas podem se engajar na luta contra o aquecimento global neutralizando suas emissões de carbono. Afinal, hoje em dia, praticamente nenhum produto, serviço ou atividade está livre da emissão de carbono, por isso, aquilo que não conseguimos evitar, pode ser compensado. Você pode, por exemplo deixar de usar seu carro para ir ao mercado, mas os produtos que você compra provavelmente foram transportados até o mercado por caminhões, usando combustíveis fósseis.
Mas, antes de abordar com mais profundidade a compensação de carbono, vamos entender a diferença entre alguns conceitos.
Redução de Gases de Efeito Estufa: são medidas implementadas para minimizar ao máximo a emissão de CO2. Bons exemplos são a reciclagem, redução no uso de energia, reutilização da água, redução de deslocamentos por carro ou avião, etc.
Compensação de carbono: após reduzir a emissão de CO2 ainda é possível compensar as emissões que forem inevitáveis. Uma empresa pode adotar todas as iniciativas de redução acima, ainda assim, suas operações ainda emitirão gases de efeito estufa. Essa emissão inevitável pode ser compensada. Isso acontece graças a um mercado de carbono que promove o intercâmbio entre quem gera créditos de carbono por reduzir emissões (a partir do uso de biogás, energia renovável, conservação de florestas, etc) e quem precisa compensar suas emissões residuais. Portanto, uma organização compra créditos de carbono de outra (que pode ser uma associação, instituição ou projeto) e essa recebe os investimentos. Vamos explicar melhor esse mercado mais abaixo.
Pegada de carbono: é o cálculo que se faz (carbon footprint, em inglês) para medir as emissões de Gases de Efeito Estufa. As emissões são convertidas em Dióxido de Carbono equivalente (CO2e), uma unidade balizadora para o mercado de créditos de carbono (veja mais a seguir).
Compensação de Carbono: mercado regulado e mercado voluntário
A compensação de emissões parte do princípio que o o aquecimento global é um fenômeno de mundial, portanto não importa onde a redução das emissões é feita. O importante é que ela seja feita!
Ainda na ECO92, no Rio de Janeiro, foi criada a Convenção Quadro das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (UNFCCC, em inglês) que estabeleceu responsabilidades a todos os países na mitigação das emissões de GEE.
Em 1997, na Conferência das Partes (COP), foi assinado o Protocolo de Quioto que dividiu os países em dois grupos: aqueles com metas de redução (países Anexo I) e países sem metas de redução. O Brasil ficou nesse segundo grupo, por sua baixa responsabilidade histórica nas emissões.
Em 2001, o Acordo de Marrakesh criou o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) que estabeleceu um mercado regulado de carbono no qual projetos em países em desenvolvimento, como o Brasil, poderiam vender créditos de carbono à organizações e governos do Anexo I.
E em que consistem os créditos de carbono?
Um crédito de carbono é igual a uma tonelada de CO2e que representa uma Redução Certificada de Emissões. Isso significa que quem deseja gerar créditos precisa passar por um meticuloso processo de cálculo, avaliação e aprovação para obter créditos de carbono no MDL.
Esse processo inclui seguir uma metodologia previamente aprovada pela UNFCC, ter seu método avaliado por uma terceira parte especialista na área, obter a aprovação do Governo Local, ser registrado na UNFCC, ser verificado por uma Unidade Operacional Designada (DOE, em inglês), e finalmente, ter o crédito de carbono emitido pela ONU.
O processo é longo, mas garante a confiabilidade da redução de emissão.
Com essa institucionalização, o mercado de créditos de carbono cresceu e se desenvolveu e junto com ele também os projetos de mitigação, como aqueles de energia renovável e de tratamento de resíduos.
Mercado Voluntário de Carbono
No entanto, a partir de 2012 esse mercado vivenciou uma crise e o preço dos créditos de carbono caíram consideravelmente.
Porém, um mercado voluntário de carbono foi desenvolvido em paralelo ao mercado regulado, tendo como protagonistas não os países, mas as empresas que desejavam fazer a própria parte na luta contra as mudanças climáticas. Essas empresas atuam voluntariamente, pois vão além de suas obrigações legais, por isso esse mercado é chamado de voluntário.
As empresas neutralizam emissões geralmente de projetos socioambientais, ou seja, iniciativas locais de associações, cooperativas, ONGs e pequenas empresas que adotam medidas de redução em suas atividades como energia renovável, uso de biomassa, redução de desmatamento e degradação (REDD+) e, por isso, geram créditos de carbono que podem ser vendidos para empresas que desejam neutralizar suas emissões residuais.
É claro que esses projetos também são validados, verificados registrados por padrões internacionais como Verified Carbon Standard (VCS), The Gold Standard, dentre outros, mas não precisam de aprovação do governo nem da ONU.
A compra desses créditos pelas empresas gera recursos que, na maior parte das vezes, é investido no desenvolvimento da comunidade local, somando aos benefícios ambientais, também aqueles sociais.
Para ficar bem fácil de entender tudo isso, basta observar o Programa Compromisso com o Clima, uma parceria do Instituto Ekos Brasil com o Itaú, a Natura, a B3, as Lojas Renner e a MRV Engenharia, dentre outras empresas.
A fim de escalonar suas ações de compensação de carbono, essas empresas se uniram e, por meio da Plataforma Ekos Social, podem escolher projetos socioambientais para direcionar seus investimentos na compensação de carbono.
Os projetos são escolhidos a partir de um edital, no qual são avaliados tecnicamente pelo Ekos Brasil para então integrar a plataforma e compor o portfólio de compensação dessas grandes empresas.
Interessou? Seja você empresa ou desenvolvedor de projetos, acesse o Programa Compromisso com o Clima e saiba como participar!