Investimento Social Privado e meio ambiente – conceitos, desafios e exemplos
No mês de outubro, a Revista Página 22 lançou uma edição inteira sobre Investimento Social Privado (ISP) na área ambiental. A ideia é colocar em pauta essa temática tão importante, mas ainda repleta de desafios e até mesmo de uma compreensão de conceito.
Como o tema também é muito caro também para o Instituto Ekos Brasil, achamos por bem engrossar a reflexão, trazendo alguns pontos importantes levantados pela publicação.
Primeiro alguns dados.
De acordo com o último levantamento do Grupo Institutos, Fundações e Empresas (Gife), no ano de 2016 o Investimento Social Privado somou cerca de R$ 2,9 bilhões em projetos.
Desse montante, a área que recebe mais investimento é a educação, seguida por formação de jovens, cultura e artes, apoio à gestão de organizações civis, desenvolvimento local e comunitário, e, em sexto lugar, aparece a área de meio ambiente, envolvendo temas como água, clima e energia.
Sob essa perspectiva, já descobrimos a importância de dar voz ao tema. Afinal, nem mesmo a educação dará bons resultados se as pessoas não tiverem água, recursos naturais disponíveis, agricultura estável para produção de comida, etc.
Mas afinal, o que é o Investimento Social Privado?
A definição clássica do termo também tem origem do Gife, instituição que é referencia no assunto.
O Investimento Social Privado é definido como o uso voluntário, planejado e monitorado de recursos privados em projetos sociais, ambientais, científicos e culturais de interesse público.
Por meio desse recurso, as empresas e os indivíduos investem em projetos para melhorar a sociedade com uma visão cidadã do contexto.
E qual a diferença entre ISP e Responsabilidade Social Empresarial?
Enquanto a Responsabilidade Social Empresarial foca em trabalhar problemas causados pela própria atividade empresarial ou ainda em melhorar as condições internas da empresa com relação à qualidade de vida dos seus funcionários, redução do impacto ambiental, etc, o Investimento Social Provado tem como principal objetivo o investimento do recurso privado na sociedade para desenvolver um bem público.
Nesse sentido, o recurso privado pode ser proveniente não apenas de empresas, como também de indivíduos, institutos e fundações.
Um bom exemplo é pensar numa rede de empresas que adotam a gestão de uma escola para melhorar os resultados, sem que a iniciativa tenha uma relação direta com o próprio negócio.
Quais os principais desafios para desenvolver o ISP na área ambiental?
Um dos desafios mais enfáticos, de acordo com a publicação da Página 22, é a forma como as informações sobre mudanças climáticas são transmitidas para a sociedade: com “palavrões” de cunho científico, previsões catastróficas, termos de relações multilaterais, etc.
A verdade é que é preciso engajar a sociedade na temática com uma linguagem mais próxima. Ou seja, mais sensível ao cotidiano das pessoas e, especialmente, com uma narrativa corporativa mais próxima dos tomadores de decisão das empresas. Afinal, a falta de água, por exemplo, em uma planta industrial, mostra claramente ao empresário que o problema não está “lá fora”, mas é protagonista de muitas vulnerabilidades ao próprio negócio.
Outro desafio é tornar o ISP mais transparente, com maior relevância e escala. Não convence mais ter um projeto local, isolado, mesmo que com boas intenções por parte da empresa. No contexto de uma sociedade informada na qual vivemos, é essencial que existam projetos inovadores, colaborativos e escaláveis.
E isso, ainda de acordo com a reflexão dos especialistas da Revista Página 22, se alcança com o envolvimento das mais altas esferas governamentais. No entanto, o relacionamento com o Estado é cheio de nuances estruturas e burocracias que podem prejudicar o andamento do projeto. E se os institutos e fundações não conseguem provar resultados no curto prazo, não conseguem a verba necessária para manter os orçamentos no final do ano.
Ainda outro desafio está na sustentabilidade financeira dos projetos, que no caso do Investimento Social Provado não são pontuais, mas mais perenes. Quando não é possível contar com o governo, esse é um desafio dos mais cruciais.
Atuações em rede
Diversas empresas já descobriram que a atuação em rede junto a outras organizações e outros institutos e fundações é uma das chaves de sucesso para o Investimento Social Privado.
Abaixo, separamos algumas das iniciativas colaborativas citadas na edição da Página 22.
Confira!
Aliança Água + Acesso
Parceiros: Instituto Iguá da Iguá Saneamento e o Instituto Coca-Cola
Projeto: A Água + Acesso tem como objetivo ampliar o acesso à água segura e de forma sustentável a comunidades rurais ao unir esses parceiros de peso, tecnologias inovadoras e modelos comunitários que viabilizam sua continuidade. Sua estratégia está embasada em quatro pilares e, desde seu lançamento, já mobilizou R$ 25 milhões para investimento até 2020.
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Centro de Experimentos Florestais
Parceiros: Grupo Heineken do Brasil e Fundação SOS Mata Atlântica
Projeto: O trabalho de aducação ambiental já recuperou 220 hectares. O plantio de mudas livrou a unidade local da Heineken (à época, Brasil Kirin) dos impactos da crise hídrica de 2014. E agora o núcleo desenvolve pesquisas sobre o retorno financeiro da restauração florestal, viabilizando replicar as ações junto a produtores rurais e empresas de outras regiões.
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Viva Água
Parceiros: Fundação Grupo Boticário e mais 15 empresas que compõem um fundo filantrópico.
Projeto: um plano coletivo de melhoria da infraestrutura natural com reflorestamento e proteção de nascentes, conscientização ambiental e apoio a negócios sustentáveis, como turismo rural e agricultura orgânica. A novidade está na aliança entre o ISP e o Pagamento por Serviços Ambientais – mecanismo financeiro que remunera produtores rurais pela conservação da água e outros recursos vitais da natureza.
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Negócios pela Terra
Parceiros: Instituto Grupo Pão de Açúcar, Fundo Vale e outros parceiros
Projeto: O projeto aproxima produtores da agricultura familiar à ponta final da cadeia produtiva, promovendo facilidade de financiamento e matches com empresas compradoras previamente mapeadas. Lá estão, por exemplo, a Manioca, de Belém, que produz alimentos naturais com ingredientes da Amazônia, e o Clube Orgânico, do Rio de Janeiro – negócio que conecta consumidores e produtores através de clube de assinatura de cestas.
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Compromisso com o Clima
Parceiros: Itaú, Natura, Lojas Renner, B3 e Instituto Ekos Brasil
Projeto: O Programa Compromisso com o Clima une empresas que desejam apoiar projetos socioambientais e fomentar uma economia de baixo carbono ao compensar, juntas, suas emissões de Gases de Efeito Estufa.
E a sua empresa pode fazer parte do Compromisso com o Clima! Acesse o site para saber mais e entre em contato!