Quem ganha com a construção de mega usinas hidrelétricas?
O Valor Econômico publicou nesta semana um artigo de Maurício Voivodic, diretor executivo do WWF Brasil e de Carlos Nobre, climatologista aposentado do INPE, no qual os dois especialistas criticam a insistência brasileira em investir em grandes usinas termelétricas enquanto o país desperdiça seu potencial em energias alternativas.
Já não é de hoje que as mudanças climáticas têm provocado ciclos extremos de secas e inundações históricas, seja na Amazônia, no Nordeste ou no Sudeste. Esses ciclos tornam a geração de energia proveniente dos reservatórios de água consideravelmente “intermitente”.
O absurdo é que, de acordo com os especialistas, o país ainda tem o pensamento de responder a essa intermitência com a construção de reservatórios ainda maiores, com mais custos e também mais impacto ecológico e socioambiental.
Por quê? Os especialistas são bem claros: “Quem ganha com a construção de obras tão grandes e que não funcionam como se esperava? A operação Lava-Jato tem ajudado a responder essas perguntas.”
Apostar em energias renováveis parece ser não só inteligente como estratégico para o país, já que os sistemas podem ser complementares. Nos períodos de grandes secas, há maior incidência de insolação e ventos, o que poderia aumentar a capacidade de geração de energia eólica e solar. Por outro lado, nas grandes inundações, as termelétricas compensariam a intermitência do sistema alternativo.
Para Voivodic e Nobre, uma solução que tornaria ainda o governo mais regulador do que produtor de energia, permitindo uma descentralização do setor.
No fim, todos sabemos. O que falta mesmo é boa vontade política e um pensamento que coloque o bem comum acima de interesses do poder.