Sem Diversidade não existe Evolução!
Uma reflexão no Dia da Biodiversidade, por Ciça Wey de Brito
Charles Darwin é um dos cientistas mais conhecidos e reconhecidos na história da humanidade. Sua Teoria da Evolução Biológica por meio da seleção natural mudou a compreensão do lugar do homem na Terra e mostrou que compartilhamos um passado comum com os outros seres vivos.
Mas o próprio Darwin não tinha sua teoria completa quando a lançou em 1859. Faltava a ele a compreensão de um elemento básico da evolução – a diversidade de espécies e a diversidade genética. Em síntese a Biodiversidade.
Darwin não sabia por que havia e como acontecia a diversidade das espécies. A diversidade é a base na qual a evolução atua. Essa explicação veio a ter suas primeiras versões na metade do século XX com o desenvolvimento da genética.
A diversidade tem como mola propulsora as mutações, originadas por diferentes fatores, as recombinações que decorrem da reprodução sexuada dos indivíduos e a própria seleção natural que, ao “pressiona” a adaptação de uma determinada espécie, pode gerar outras novas espécies.
Nós ainda não conhecemos toda a diversidade de vida de nosso planeta. E muito menos todas as interações entre as espécies que compõem esta diversidade. Estamos longe disso. Estimamos hoje que existam 8,7 milhões de espécies no planeta. Destas aproximadamente 6,5 milhões são espécies terrestres e 2,5 milhões, marinhas. Porém, a maioria delas não é conhecida e pior, um enorme número está correndo risco de desaparecer de forma bastante acelerada.
Muitas espécies já sumiram da face da Terra sem que com elas tenhamos convivido, como foi o caso dos dinossauros, extintos ha aproximadamente 65,5 milhões de anos.
Antropoceno
O problema é que no momento, a velocidade e o número de espécies que podem desaparecer do Planeta, é assustador! Estima-se que esse desaparecimento se dê em razão das mudanças que nós humanos estamos provocando na dinâmica do planeta. A intensidade destas mudanças é de tal ordem que muitos cientistas já consideram que vivermos o que tem sido chamado de Antropoceno.
Os primeiros a proporem este conceito foram os pesquisadores Paul Crutzen e Eugene F. Stoermer, que disseram acreditar que vivemos numa nova era geológica. Para os pesquisadores, as atividades humanas vêm afetando a Terra de tal forma que criamos um novo período de tempo geológico.
No início deste mês foram lançados os dados do Relatório da Plataforma Internacional Intergovernmental Político-Cientifica, sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES, sigla em inglês) que alertou para a provável extinção de 1 milhão de espécies nos próximos anos, se mantivermos a forma de mal tratar nosso planeta.
O relatório afirma também que não é possível separar os riscos à biodiversidade dos riscos às metas de desenvolvimento. Diz o Relatório “a atual tendência negativa sobre a biodiversidade e ecossistemas minará os avanços em 80% das metas estipuladas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, fixados para serem completados até 2030, especialmente em matéria de fim da pobreza, fome, saúde, água, cidades sustentáveis, clima, vida submarina e ecossistemas terrestres”.
O Brasil, um dos países considerados megabiodiversos (aqueles que têm a maior riqueza de espécies), tem uma enorme responsabilidade em ajudar a diminuir o ritmo e alcance das mudanças que vêm ameaçando a biodiversidade.
Por isso é imperativo que sejam revertidas decisões políticas recentes que já mostram reveses à nossa história de protagonismo nas agendas ambientais mundiais. Precisamos de mais “Fundos Amazônia”, de mais Unidades de Conservação, de mais Terras Indígenas, do fortalecimento dos órgãos ambientais! E não o contrário.
Como diz o título deste artigo, sem diversidade não há evolução. Sem biodiversidade e sem serviços ecossistêmicos também não veremos desenvolvimento sustentável e justiça social. A agenda da biodiversidade deve ser valorizada e não subjugada, ou nossa evolução como espécie e sociedade não chegará muito longe.
O Instituto Ekos Brasil tem na conservação da biodiversidade um dos seus eixos de atuação. Por isso, temos um Acordo de Cooperação com o ICMBio para apoiar a implantação do Parque Nacional das Cavernas do Peruaçu, no norte de Minas Gerais. Para implantar os projetos desse Acordo, criamos o Fundo Peruaçu.
Saiba como contribuir com o Fundo Peruaçu em: http://fundoperuacu.ekosbrasil.org/
Maria Cecilia Wey de Brito
MsC Ciências Ambientais
Engenheira Agrônoma
Instituto Ekos Brasil
Saiba como contribuir com o Fundo Peruaçu em: http://fundoperuacu.ekosbrasil.org/
Maria Cecilia Wey de Brito
MsC Ciências Ambientais
Engenheira Agrônoma
Instituto Ekos Brasil