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Transparência, credibilidade e due Diligence no mercado de carbono trazem ao projeto destaque nacional.
Se você acompanha a área de sustentabilidade há algum tempo, sabe que apenas alguns anos atrás o mercado de carbono era um tema desconhecido e um ambiente de negócios ainda pouco explorado.
Um cenário que se alterou drasticamente com um verdadeiro “boom”, especialmente durante a pandemia, quando uma verdadeira corrida por mais sustentabilidade corporativa gerou uma alta demanda por créditos de carbono em todo o mundo, levando o mercado a atingir US$ 1 bilhão em transações no ano passado.
Com a alta, a área que antes contava com um nicho de empresas especializadas de repente foi inundada com organizações prometendo às empresas a compensação de suas emissões com créditos de carbono.
Infelizmente, surgiram também as primeiras notícias sobre “créditos fantasma” e projetos de baixa integridade no mercado.
O Compromisso com o Clima nasceu bem antes disso tudo acontecer com o objetivo de conectar empresas interessadas em compensar suas emissões de Gases de Efeito Estufa e projetos dedicados a gerar benefícios sociais e ambientais.
Com o apoio institucional de grandes empresas e compreendendo a fundo suas dores e aversão a riscos, o programa teve desde a sua origem o propósito de carregar consigo um lastro de credibilidade, transparência e due diligence, que agora fazem dele um programa de destaque no mercado de carbono brasileiro.
De fato, os projetos e seus proponentes, selecionados em cada ciclo, são submetidos à avaliação técnica, avaliação socioambiental e avaliação jurídica. Após a integração dos projetos escolhidos na plataforma Ekos Social, as empresas conseguem negociar diretamente com os projetos suas demandas de compensação, já com a garantia legal de que os projetos são seguros e responsáveis ao gerar créditos de carbono.
Por isso, nosso programa vem ganhando destaque no mercado brasileiro e já conta com o apoio institucional de nove grandes empresas de diferentes segmentos. Traga sua empresa para o Compromisso com o Clima e compense suas emissões corporativas com transparência e segurança técnica e jurídica.
Apoiadoras institucionais do Programa Compromisso com o Clima participam de Fórum Técnico sobre Mercado de Carbono. Confira um resumo.
Neste segundo semestre de 2022, o Programa Compromisso com o Clima realizou o 1º Fórum Técnico para suas apoiadoras institucionais. O evento foi privado e contou com a participação de especialistas do mercado.
Durante uma manhã, o diálogo se desenvolveu a partir dos desafios e oportunidades que envolvem a regulação e os projetos do Mercado de Carbono no Brasil. No total, foram três mesas de debate.
Na primeira delas, Carolina Dihl Prolo, da LACLIMA e Natália Renteria, da Mombak, com moderação de Lina Pimentel, do escritório de advocacia Mattos Filho, apresentaram os pontos de interesse da Regulação Brasileira de Mercado de Carbono e as Oportunidades para as Corporações.
O artigo 6 do Acordo de Paris foi o fio condutor do diálogo, já que é esse o instrumento que facilita a cooperação entre os países e o cumprimento das suas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas, em inglês) e uma maior escala das ações. É esse artigo que trata do comércio dos resultados de mitigação, da certificação da redução das emissões e ainda, das abordagens não-mercadológicas.
Desde a COP 26, em Glasgow, novas regras foram definidas para a implementação desses pontos do artigo 6. Os Internationally Transfered Mitigation Outcomes (ITMOs, na sigla em inglês) ganharam uma definição: são resultados de mitigação verificados, reais e adicionais ou ainda reduções de GEE autorizadas para uso em NDCs ou outros propósitos internacionais de mitigação.
A COP 26 também avançou na criação do Órgão Superior de Redução de Emissões e sobre a transferência de créditos e projetos do MDL, mecanismo anterior ao Acordo de Paris, em determinadas condições. Além disso, estabeleceu que ITMOs e ERs (Redução de Emissões) também podem ser utilizadas em CORSIA (redução e mitigação das emissões de voos internacionais) e mercado voluntário. No caso de sua utilização em CORSIA e NDC, o governo hospedeiro deve emitir uma autorização específica e descontar do balanço de emissões apresentado à UNFCCC as reduções de emissões que foram transferidas.
Após uma breve explicação sobre as proposições do PL nº 2.148/2015 – (PL 528) e do Decreto n. 11.075 de 19 de maio de 2022, as especialistas ressaltaram que o avanço da agenda no executivo é um bom sinal para o Brasil. Primeiro porque significa a entrada de financiamento para manter ou recuperar nossas florestas, segundo porque nosso país tem um enorme potencial para projetos de Soluções Baseadas na Natureza e terceiro porque estamos em um momento de expansão regulatória que, ao garantir maior integridade socioambiental, pode ser um fator determinante para o sucesso do mercado.
Uma notícia bastante bem-vinda já que a expectativa de crescimento do mercado voluntário é de 15 vezes até 2030, quando poderá movimentar cerca de US$ 50 bilhões, de acordo com a Taskforce on Scaling Voluntary Carbon Markets.
Após a segunda mesa redonda, que apresentou cases brasileiros em projetos de carbono com os profissionais Janaina Dallan, da Carbonext, João Daniel, da ERA e Roberto Strumpf, da Radicle, os participantes tiveram a oportunidade de aprofundar a temática sobre os Compromissos Net Zero.
Danielly Mello Freire, do Instituto Ekos Brasil e Rebeca Lima, do CDP, compartilharam conceitos e pain points dos programas Net Zero, tão almejados pelas grandes corporações.
De acordo com a SBTi, assumir um Compromisso Net Zero significa se comprometer com a redução a ZERO das emissões dos escopos 1, 2 e 3 ou a um nível residual que seja consistente com a meta estabelecida em não ultrapassar o aumento da temperatura média da Terra em mais de 1,5oC. E também significa neutralizar as emissões residuais com base no ano definido por meta da empresa.
As especialistas explicaram que, dentro dos Compromissos Net Zero, a prioridade é a redução de emissões, mas que é importante as empresas considerarem a neutralização e a mitigação para além da cadeia de valor, como por exemplo, iniciativas que previnam o desmatamento e que invistam em projetos socioambientais.
Basicamente por três motivos principais.
– Desenho de estratégia: estratégia de negócio alinhada às demandas globais. Isso direciona o negócio à inovação e aumenta a competitividade.
– Fortalecimento da reputação: é esperado por todos os stakeholders que o negócio tome a frente nas ações pela responsabilidade climática.
– Gestão de risco: a definição de metas aumenta a confiabilidade por parte de investidores e amplia a resiliência frente aos riscos de exposição aos efeitos da crise climática e reduz custo de investimento com imprevisibilidade.
O evento proporcionou às empresas apoiadoras do Programa Compromisso com o Clima o compartilhamento de informações e atualização técnica sobre o mercado de carbono no Brasil e no mundo.
O Programa Compromisso com o Clima tem como propósito engajar o setor privado em ações de responsabilidade climática. Ao unir empresas com objetivos comuns pelo desenvolvimento sustentável somos capazes de agir de forma colaborativa, aumentando o impacto das nossas ações e contribuindo efetivamente por um futuro mais justo e regenerativo.
Traga sua empresa para o Compromisso com o Clima e faça parte deste movimento!
Em recente viagem à campo, nossa colaboradora Danielly Mello Freire teve a oportunidade de retornar à região amazônica, na divisa do Pará com o Amapá, e ver de perto como os benefícios sociais e ambientais de um projeto de créditos de carbono de REDD+ transformam a vida de uma comunidade local.
Para celebrar a Amazônia e boas iniciativas que a mantém em pé, entrevistamos a Dany, que mora em São Paulo, e gentilmente nos contou suas percepções sobre a viagem, o projeto e o bioma.
Confira!
Dany, o que te levou à Amazônia?
Fui representando o Instituto Ekos Brasil em uma visita técnica ao Projeto REDD+ Jari, organizada pela desenvolvedora de projetos, parceira do Compromisso com o Clima, Biofílica Ambipar Environment e pela também proponente do projeto, Fundação Jari. Nosso objetivo era ver de perto os benefícios do projeto e poder apresentar aos nossos clientes seus indicadores socioambientais, para além do carbono.
A visita foi conduzida pelos colaboradores da Fundação Jari. E aqui cabe destacar o trabalho incrível dessa fundação que, além de outras tantas iniciativas, mantém o Museu Jari com uma das maiores xilotecas do mundo – um vasto catálogo de espécimes dessa região amazônica.
E o que mais você viu por lá?
Particularmente foi muito especial ver uma parte de uma área gigantesca, de mais de 1.200.000 hectares de floresta, gerida basicamente com bioeconomia. De fato, dentro do Projeto REDD+ Jari existem outros pequenos projetos, como uma fábrica de farinha para a fabricação de tucupi, goma de tapioca, etc. Essa fábrica contou com uma parceria da Embrapa que realiza testes para selecionar as melhores espécies de mandioca e aumentar a produtividade. Muitos comunitários locais conseguiram implementar um Sistema Agroflorestal, sendo uma possibilidade o cultivo da mandioca em fileiras entre o eucalipto.
Com SAF houve aumento de nutrientes no solo, com possibilidade de plantio de múltiplas variedades alimentícias proporcionadas pela floresta e isso diminuiu, inclusive, a queima da vegetação para recuperação do solo, como prática anterior ao SAF realizada pelos comunitários. Esse fomento e disseminação de conhecimentos técnicos, alinhado ao conhecimento tradicional dessas famílias, fomentado pela Fundação Jari, aumenta a disponibilidade de bio produtos para comercialização.
Apenas para citar mais uma história, essa comovente, falo da Dona Sandra que antes dos incentivos do projeto não tinha produção de alimentos nem mesmo para subsistência de sua família e nem fonte de renda para se manter. Vivia com dívidas e dependente do apoio de vizinhos comunitários. O projeto trouxe ferramentas e conhecimento para que ela pudesse transformar sua residência em um espaço com produção por SAF, hortaliças, criação de aves, porcos e peixes. Hoje eles vivem bem do que conseguem extrair da terra e tem barraca em feiras locais para venda de seus produtos.
Ainda assim, dentro da área do projeto, ela sofre pressão por madeireiros ilegais no entorno de sua propriedade. Por isso, a Dona Sandra, entre tantos outros comunitários, são agentes de vigilância da floresta, pois ela denuncia essas invasões que acontecem ao redor de sua propriedade à Fundação Jari.
Você conheceu uma madeireira legal na região, não é mesmo? Como foi essa experiência?
Sim. Pessoalmente, não é fácil ver aquele clarão no meio da floresta com um monte de tora de madeira. Mas a madeireira que visitei era certificada, com manejo florestal. Mostraram, por exemplo, que há funcionários responsáveis apenas por traçar a rota pela qual a árvore deve cair para que derrube o menos possível ao redor e abra espaço, inclusive para que as árvores mais jovens cresçam com essa incidência de sol.
Uma das causas de perda de rastreabilidade de madeiras ilegais é que as madeireiras ilegais vendem direto para os moveleiros, por exemplo. Por isso, é importante que essas empresas certificadas cheguem antes para oferecer seus produtos. Não temos como ficar sem madeira, portanto temos que fazer com que a madeira chegue até nós, consumidores, de maneira manejada e certificada.
Ali perto, conheci também um artesão que trabalha apenas com madeira essa certificada do projeto Agregue, também parte da Fundação Jari, e que me contou como isso aumenta o valor agregado da sua arte.
Dany, você já tinha estado na Amazônia outras vezes. O que viu de diferente nessa região?
Quando cheguei no Acre pela primeira vez, pude conhecer a Amazônia através da lente da vivência de povos originários, em uma terra indígena protegida, um lugar mágico. A sensação foi de conhecer um pedaço de terra totalmente aquém das problemáticas atuais.
O Acre tem uma questão importante, que por mais que tenha muitas áreas protegidas, ainda sim há desequilíbrio na biodiversidade, pois essas terras são cercadas por muitas grandes fazendas agropecuaristas. As áreas conservadas não se conectam mais, ou seja, são pequenas APs espalhadas pelo estado. Um retrato muito prático sobre esse desequilíbrio ambiental é a quantidade de picadas que se leva, diferente do que aconteceu visitando essa área do Jari Pará-Amapá com pouquíssimas picadas.
A emoção de estar na floresta amazônica, independente do estado, é a mesma. Se perde a noção de tempo e é possível ver a vida com outros modos de se viver. Isso acontece toda vez que eu vou para o norte ou me conecto a algum povo tradicional.
Dessa vez, por mais que eu já soubesse do projeto e da imensidão da área conservada, eu ainda assim me senti muito pequena e fazendo muito pouco do que é necessário para manter a floresta em pé. É preciso muito mais, mais esforço, mais investimento, mobilização. Afinal, estamos em uma contagem regressiva para reverter a crise climática na qual nós mesmos nos colocamos.
Existem políticas que devem ser adotadas, mas precisamos cada vez mais de mais satélites e mais tecnologia olhando para esse território. E precisamos fomentar políticas públicas de proteção aos povos que vivem na floresta, como ribeirinhos, indígenas, quilombolas. pois são essas pessoas que mantêm a floresta em pé e conservada.
Compromisso com o Clima é onde projetos socioambientais e empresas conscientes de seu papel social se encontram com o propósito de realizar planos de longo prazo para o planeta.
Com o apoio de grandes parceiros, o programa Compromisso Com o Clima vem expandindo seu alcance e segue com o propósito de engajar o setor privado em ações de responsabilidade climática.
Fazemos isso porque acreditamos que, agindo de forma colaborativa, nossas ações têm maior impacto e apontam para um futuro cada vez mais sustentável.
A organização britânica Climate Bonds Initiative divulgou recentemente que os investimentos globais em green bonds têm grande chance de alcançar a marca de US$ 1 trilhão em 2022. Somamos a esse número a ampliação das práticas ESG, que impulsionam as empresas a adotar, cada vez mais, estratégias sociais, ambientais e de governança. Esses dois aspectos exemplificam o crescimento de um verdadeiro movimento no mercado financeiro intitulado “finanças sustentáveis”.
Em artigo publicado pela Febraban, a professora doutora Annelise Vendramini explica: “Finanças sustentáveis (…) buscam alocar dinheiro em atividades que contribuam para a sustentabilidade, incorporando o valor do dinheiro no tempo e as noções de risco –retorno.”
Pelo contexto apresentado acima, fica claro que é a hora e a vez do mercado financeiro fazer a sua jogada de mestre – e já está fazendo. Gestoras de fundos já anunciam prioridade em investimentos sustentáveis, bancos atrelam créditos a relatórios de sustentabilidade e mesmo os investidores pessoa física começam a se preocupar mais em alocar suas reservas em fundos e ações de sustentabilidade.
Cada vez mais fica claro que os investidores não devem atrelar seus investimentos apenas tendo em mãos o relatório de sustentabilidade das empresas. É necessário um due diligence íntegro para entender como elas estão gerindo esses investimentos em conformidade com as estratégias de sustentabilidade.
De fato, o World Resources Institute (WRI) alerta que apenas reduzir emissões passa longe de ser a única preocupação dos investidores. A gestão climática pode e deve ser um dos indicadores primordiais de investimento. É ela a guiar uma governança integral da empresa rumo ao desenvolvimento sustentável, começando por um inventário, passando por metas de redução e compensação, mas incluindo também os impactos sociais da sua cadeia de valor, por exemplo.
“As metas do Acordo de Paris não serão cumpridas sem uma transição justa, sem a inclusão de trabalhadores, povos indígenas, comunidades na linha de frente e outros grupos cujas vidas e meios de subsistência se encontram ameaçados pelas ações necessárias para promover uma economia resiliente e de baixo carbono”, diz o artigo.
Isso significa que investir em projetos corporativos de resiliência e adaptação às mudanças climáticas deveria ser tão importante para os investidores quanto investir em empresas comprometidas com a mitigação ou redução das emissões. E o motivo é bastante simples. Os efeitos devastadores e severos da mudança do clima afetam a todos, inclusive as empresas nas quais investem, colocando em risco a produção, as ações e a sobrevivência dos seus trabalhadores que, geralmente, residem nas áreas mais afetadas pelos eventos extremos.
Por isso, mesmo que ainda seja um desafio para as empresas quantificar, analisar e reportar riscos relativos às mudanças climáticas, os investidores são chamados desde já a investir em companhias e fundos que apoiam ou desenvolvem projetos de adaptação e iniciativas que priorizam a justiça climática.
Sabemos a necessidade de que todos façam a própria parte. E sabemos também que se o mercado financeiro adotar as finanças sustentáveis como regra e não exceção, a “luz no fim do túnel” ficará cada vez mais clara.