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Cama de Ozônio: Já salvamos o planeta uma vez. Vamos fazer de novo?

Camada de Ozônio: já salvamos o planeta uma vez. Vamos fazer de novo?

Por Camila Dinat

Se você tem mais de trinta anos provavelmente se lembra de um episódio alarmante que assolou a humanidade no final dos anos 80 e 90, o buraco na Camada de Ozônio.

Este capítulo da nossa história merece ser rememorado, pois os fatos que se sucederam podem nos inspirar e trazer muitos ensinamentos para a atualidade!

Neste artigo, vamos tentar relembrar como atitudes individuais de cada cidadão, em consonância com uma série de políticas apropriadas, serviu para revertermos um grave problema ambiental.

Para isso, vamos começar do começo.

Afinal, o que é a camada de ozônio?

Créditos Canva.

A camada de ozônio é uma parte essencial da atmosfera terrestre, localizada entre 20 e 30 quilômetros de altitude e com cerca de 10 km de espessura. Essa camada desempenha um papel crucial na proteção da vida na Terra, bloqueando a maior parte da radiação ultravioleta (UV) emitida pelo Sol possibilitando, assim, o desenvolvimento da vida na Terra da maneira como conhecemos.

Até aí tudo bem, mas você deve se lembrar que o buraco na camada de ozônio tinha uma certa relação com as geladeiras, ar-condicionado e desodorantes. Como assim?

Para gelar uma cerveja, ou refrescar o ambiente, os aparelhos de ar-condicionado, freezers e geladeiras têm um processo de refrigeração por gases que, simplificando, funcionam assim: quando um fluido se expande para um gás, ele absorve calor e baixa a temperatura do ambiente ao redor. Esse gás é comprimido novamente usando o motor elétrico para que ele retorne ao estado líquido, depois gás outra vez, e esse é o ciclo.

Durante muito tempo ninguém foi capaz de achar um gás que tivesse essa propriedade de refrigerante e que ao mesmo tempo fosse seguro. No início do século XIX esses refrigeradores eram considerados perigosos, com vários casos de contaminação e acidentes provocados pelo uso desses aparelhos.

Até que com o avanço da industrialização na década de 30 os clorofluorcarbonos (CFCs) ficaram conhecidos por sua versatilidade e propriedades únicas, como serem não inflamáveis, não tóxicos e estáveis sob condições normais de temperatura e pressão, e começaram a ser amplamente utilizados na indústria.

Créditos Canva.

No entanto, vazamentos e descartes inadequados desses aparelhos refrigeradores, bem como o simples uso dos aerossóis quando estes eram pulverizados (como sprays de cabelo, desodorantes e produtos de limpeza) promoveram a liberação de concentrações crescentes de CFCs na atmosfera.

Parcela dessa concentração de CFC alcançava a estratosfera, onde eram decompostos pela radiação ultravioleta (UV). Essa decomposição liberava os átomos de cloro, que por sua vez, reagiam com as moléculas de ozônio (O3). Este processo era altamente destrutivo para a camada de ozônio. Uma única molécula de CFC pode destruir muitas moléculas de ozônio antes de serem removidas da atmosfera.

Aqui cabe um parêntese muito importante: o papel da ciência na descoberta e solução do problema.

A descoberta do buraco na camada de ozônio foi um marco na ciência e ocorreu de forma gradual, com contribuições significativas de diferentes pesquisadores ao longo do tempo.

Nos primeiros estudos, em 1930, o cientista britânico Sydney Chapman propôs a teoria de que o ozônio na estratosfera desempenha um papel importante na absorção da radiação ultravioleta (UV) do Sol. Ele também foi o primeiro a prever que a liberação de substâncias químicas, como clorofluorocarbonos (CFCs), poderia levar à destruição da camada de ozônio.

Posteriormente, nas décadas de 1950 e 1960, cientistas começaram a realizar medições da concentração de ozônio na estratosfera usando balões-sonda e satélites. Essas medições confirmaram a existência da camada de ozônio e sua variação sazonal.

Em 1985, cientistas do British Antarctic Survey, liderados por Joe Farman, Brian Gardiner e Jonathan Shanklin, fizeram uma descoberta surpreendente. Eles notaram uma diminuição dramática nos níveis de ozônio sobre a Antártica durante a primavera austral (setembro a novembro). Essa diminuição era muito maior do que as variações sazonais normais, indicando a presença de um “buraco” na camada de ozônio.

A descoberta do buraco na camada de ozônio sobre a Antártica atraiu a atenção da comunidade científica global. Pesquisadores em todo o mundo realizaram estudos adicionais para entender as causas e os mecanismos por trás desse fenômeno. Rapidamente ficou claro que os clorofluorocarbonos (CFCs) e outras substâncias químicas liberadas pelo homem estavam contribuindo para a destruição da camada de ozônio.

Não somente o conhecimento em torno do buraco em si, mas também os impactos começaram ser amplamente estudados e notados ao longo do planeta.

Podemos apontar que os raios UV-B adicionais que alcançavam a superfície terrestre causaram: i) aumento de casos de câncer de pele em todo o mundo, devido à exposição prolongada à radiação UV-B; ii) aumento nas cataratas e outros problemas oculares devido à exposição excessiva à radiação UV-B; iii) prejuízos à vida marinha, como fitoplâncton e larvas de peixes, que foram os primeiros a serem afetados negativamente, impactando toda a cadeia alimentar marinha; iv) Impacto nas plantas, devido à radiação UV-B excessiva, causando danos a agricultura e os ecossistemas terrestres.

O tema saiu do meio acadêmico e começou a ganhar eco na sociedade. Não à toa o caso ganhou comoção mundial. As pessoas começaram a pensar no impacto disso em suas vidas. O buraco na camada de ozônio atraiu considerável atenção da mídia, então relatórios e documentários explicando os impactos do buraco na camada de ozônio e suas causas foram transmitidos na televisão e publicados em jornais, ampliando o alcance da informação. Isso resultou em campanhas públicas, petições e ações de sensibilização para pressionar os governos e a indústria a tomar medidas mais enérgicas.

As pessoas se sensibilizaram para a interligação de todos os aspectos da natureza e a importância de proteger o planeta.

E como o problema foi superado? 

O caso do buraco na camada de ozônio chama muita atenção. A conscientização global sobre os perigos do buraco na camada de ozônio levou à adoção de medidas significativas e urgentes para combatê-lo.

Uma das ações mais notáveis foi o Protocolo de Montreal, que consistiu em um tratado internacional assinado em 1987 que proibia a produção e o uso de CFCs e outras substâncias destruidoras da camada de ozônio. Este acordo foi ratificado por quase todos os países do mundo. Este tratado é amplamente considerado um dos acordos ambientais mais bem-sucedidos da história.

A indústria foi obrigada a se posicionar e a se adequar, e desenvolveu alternativas seguras aos CFCs, como os hidroclorofluorocarbonos (HCFCs) e os hidrofluorocarbonos (HFCs), que são menos prejudiciais à camada de ozônio.

A ameaça do buraco na camada de ozônio também foi incorporada à educação ambiental em escolas e universidades, aumentando a conscientização das gerações mais jovens sobre os desafios ambientais globais.

Redes globais de monitoramento foram estabelecidas para acompanhar a recuperação da camada de ozônio, estas permanecem até hoje.

Graças a esses esforços, houve evidências de recuperação da camada de ozônio sobre a Antártica e em outras regiões do mundo.

O buraco na camada de ozônio foi uma grande ameaça, e com este episódio pudemos aprendemos a perceber como o modo de vida humano sustentado na lógica industrial, de consumo e acumulação, pode impactar significativamente o planeta Terra. Outra importante lição é como a ação global rápida e eficaz, demonstrou que podemos enfrentar desafios ambientais quando a comunidade internacional trabalha em conjunto.

Esse fenômeno também ilustra como a ciência ambiental pode moldar a consciência pública e levar a mudanças significativas em escala global.

Não dá para lembrar dessa história e não fazer o paralelo com nosso desafio mais atual: a mudança climática. 

O que falta para que os tomadores de decisões, na política e na economia ouçam a ciência? Como devemos agir para pressionar mudanças de comportamento na sociedade? O que é necessário para que os acordos internacionais ambientais da atualidade tenham maior eficácia? Podemos considerar que a população em geral está consciente dos riscos e dos efeitos da mudança do clima?

São muitas questões. 

Será que vamos conseguir salvar o planeta de nós mesmos mais uma vez?

Soluções Baseadas na Natureza: quando a natureza inspira soluções para desafios globais

Soluções Baseadas na Natureza: quando a natureza inspira soluções para desafios globais

Soluções Baseadas na Naureza
Photo by CHUTTERSNAP on Unsplash

Um “corredor verde” na cidade, um “rooftop” que vira jardim, o terreno baldio que vira horta, a encosta de um viaduto que se transforma em uma mini floresta vertical. Soluções simples e até visualmente bonitas, mas quase sempre incompreendidas e por isso pouco valorizadas pelos cidadãos comuns.

Re-naturalizar as cidades é, na verdade, uma das soluções baseadas na natureza que têm o intuito, por exemplo, de reduzir o fluxo de água das tempestades que pressionam os sistemas de drenagem em grandes cidades. O mesmo serviço que presta uma floresta na regulação do nosso sistema hídrico natural.

O exemplo é para deixar um pouco mais claro o que significa um dos “termos do momento” no universo da sustentabilidade: Nature-Based Solutions (NbS), ou Soluções Baseadas na Natureza (SbN), uma das metas estabelecidas pelo Marco Global da Biodiversidade.

As Soluções Baseadas na Natureza são ações para proteger, gerenciar de forma sustentável e restaurar ecossistemas naturais ou modificados, que abordam os desafios sociais de forma eficaz e adaptativa, proporcionando simultaneamente benefícios ao bem-estar humano e à biodiversidade

União Internacional para a Conservação da NaturezA

Tecnicamente, é um termo amplo que contempla outras abordagens e estudos já estabelecidos como adaptação baseada em ecossistema (EbA, sigla em inglês) e mitigação (EbM, sigla em inglês), redução de riscos de desastres ecológicos (eco-DRR, sigla em inglês), Infraestrutura Verde (GI sigla em inglês) e Soluções Climáticas Naturais (NCS, sigla em inglês).

Em palavras mais simples, as SbN se inspiram em sistemas e serviços desenvolvidos pela própria natureza com o intuito de resolver ou amenizar alguns dos grandes desafios globais como as mudanças climáticas, a degradação dos ecossistemas, a perda de espécies silvestres e o crescimento cada vez mais preocupante de cidades pouco planejadas, insustentáveis e insalubres.

Leia também: Ekos Brasil assina carta e apoia diretrizes para as Soluções Baseadas na Natureza

Acima demos um exemplo de como nossas cidades podem se beneficiar dessas soluções. Mas existem muitos outros que impactam positivamente, de uma maneira geral, a sociedade, a natureza e a economia.

Photo by Daniel Funes Fuentes on Unsplash

São exemplos de Soluções Baseadas na Natureza a  agricultura social (práticas de agricultura desenvolvidas nos centros urbanos e periferias como hortas comunitárias que promovem saúde, inclusão social e aproveitamento “verde” de espaços urbanos); irrigação com água de reuso (assim como a natureza reutiliza a água); restauração de planícies inundadas, dentre outros.

A aposta nas NbS não é à toa. Tais práticas são inovadoras na medida em que garantem serviços de infraestrutura eficientes a um custo muito menor de implementação e manutenção do que outros tipos de engenharia e serviços, sem mencionar o fato de que muitas dessas soluções se tornam autossustentáveis ao longo do tempo.

O conceito de Soluções baseadas na Natureza é uma forma de aumentar a percepção das pessoas sobre os serviços que a natureza presta. Ademais, ajudam a atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Além disso, ao mesmo tempo em que entregam infraestrutura, as NbS também edificam maior resiliência climática ao sequestrar carbono, gerar habitat para a biodiversidade, promover o crescimento verde, a eficiência energética, a melhoria da qualidade do ar, dentre outros, e ainda gerar cobenefícios sociais para como recreação e inclusão para as comunidades envolvidas.

Mapa Mundi na cor verde. Fórum Econômico Mundial 2023.

Fórum Econômico Mundial 2023 e o direcionamento socioambiental

Nesta segunda-feira (16), teve início o evento econômico mais aguardado pela comunidade internacional, o Fórum Econômico Mundial 2023, que acontece em Davos, na Suíça. Com o tema “Cooperação em um Mundo Fragmentado”, o evento se estenderá até o dia 20 e reúne lideranças comprometidas com os rumos da economia nos próximos anos em meio aos avanços tecnológicos, adaptações à COVID-19, mudança do clima e necessidade de uma existência mais saudável para bilhões de pessoas. 

Com mais de 50 anos de história, o Fórum Econômico Mundial de Davos começou como um simpósio focado apenas no mercado europeu e evoluiu para um evento mundial anual, de grande proporção internacional. Em 2023, são aguardados cerca de 2.700 participantes, incluindo centenas de chefes de estado e ministros de vários países.

O que está em pauta?

Temas com foco ambiental como a mudança do clima, poluição por resíduos plásticos, energias limpas, economia circular, uso da terra, áreas costeiras e carbono azul, recursos hídricos e carbono zero em cadeias de suprimentos são alguns dos assuntos previstos a serem debatidos nos painéis do evento. 

Do Brasil estão a ministra Marina Silva (Meio Ambiente) e o ministro Fernando Haddad (Fazenda), que foram a Davos com uma mensagem de retomada econômica e protagonismo ambiental. A expectativa é que os ministros reforcem a conexão fundamental entre a economia e o meio ambiente e estimulem o alinhamento de medidas práticas para o avanço das pastas em conjunto.

A voz do Brasil

No primeiro dia, a ministra do Meio Ambiente participou do painel “Em Harmonia com a Natureza” no qual reforçou a importância do compromisso ético de lideranças com a sustentabilidade, não apenas com foco em meio ambiente e economia, mas também com o viés social, visando o combate às desigualdades. A ministra também participará do painel “A Amazônia em uma Encruzilhada” nesta quinta-feira. 

“Sustentabilidade não será uma política setorial, mas transversal, passando pelas políticas de energia, indústria, mobilidade, por todos os setores”, ressaltou Marina Silva.  

A Diretora de Relações Institucionais do Instituto Ekos Brasil, Ciça Wey de Brito, participou no último dia 4 da posse da ministra Marina SIlva e destacou que, em suas falas, Marina se comprometeu a trabalhar para que a política ambiental volte a ter o mais alto nível de prioridade no atual governo. 

“A Ministra Marina reforçou a necessidade de o governo ter a agenda ambiental tratada de forma articulada por todos os setores do governo, para que os acordos assumidos pelo país no âmbito internacional possam ser cumpridos em sua totalidade”, complementa Ciça.

Para o Ekos Brasil, é esperado que ao longo do Fórum a sustentabilidade seja tratada como uma aliada para o crescimento econômico internacional. “Ações de combate ao desmatamento na Amazônia, por exemplo, são fundamentais para a prosperidade econômica e social de todo o globo. É importante que os ministros levem essa realidade para Davos e alertem as lideranças sobre os impactos do desequilíbrio ecossistêmico na economia mundial”, ressalta Ciça Wey.

Além dos ministros, o Brasil também estará representado pelos governadores Tarcísio de Freitas (SP), Eduardo Leite (RS) e Helder Barbalho (PA).

É possível acompanhar a programação, acessar os convidados e assistir às transmissões abertas no site oficial do evento (em inglês). 

Acompanhe também nosso site e redes sociais.

cop 27

Vem aí a COP 27. Quais são seus principais objetivos e como ela se organiza?

Com o objetivo de endereçar os desafios globais dos efeitos das mudanças climáticas, teve início neste domingo (06) a semana a 27a Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas pela Mudança do Clima (COP 27), este ano sediada pela República Árabe do Egito.

O evento internacional acontece de 6 a 18 de novembro e reforça, mais uma vez, a mensagem de que é preciso a implementação de ações imediatas e de esforços globais, além da participação de todos os atores da sociedade, para frear as ameaças sociais, ambientais e econômicas já em curso em consequência do atual modelo econômico vigente.

Durante as duas próximas semanas, a expectativa é de que os tomadores de decisão de diversas partes do globo apresentem novas ações mais robustas de combate às mudanças climáticas e prestem conta das iniciativas desenvolvidas até o momento.

A Conferência é um marco anual que orienta o rumo de políticas públicas e, inclusive, o planejamento estratégico de empresas comprometidas com a transição para uma economia de baixo carbono. No Egito não será diferente. A COP 27 tem a intenção de contribuir para acelerar as reduções das emissões globais, escalar exponencialmente ações de adaptação climática e ampliar os fluxos de financiamento para projetos de impacto socioambiental.

Além da sessão principal, acontecem outras quatro sessões concomitantes à COP. Saiba mais sobre cada uma delas.

CMA4

É o encontro dos observadores, ou seja, partes que não compõem o Acordo de Paris, logo não tem papel em tomadas de decisão. No entanto, realizam um papel importante de supervisão sobre a tomada de decisão das partes para promover sua implementação de forma efetiva.

CMP17

A COP27 servirá de base para o encontro das partes do Protocolo de Kyoto, que tratará da implementação efetiva deste acordo que é um tratado importante para redução de emissão de gases de efeito estufa. A primeira reunião do Protocolo de Kyoto aconteceu em Montreal, no Canadá, em 2005.

SBSTA57

Subsidiary Body for Scientific and Technological Advice apoia permanentemente a COP com a provisão de informações cientificas e tecnológicas. As principais áreas de ação do SBSTA incluem impactos, vulnerabilidade e adaptação à mudança climática; promoção e transferência de tecnologia para desenvolvimento ambiental; e condução técnica no preparo e aprimoramento dos guias dos inventários de emissões de gases de efeito estufa. Por isso, essa sessão atua como uma parte relevante junto ao IPCC.

Além da reunião dos representantes na COP, também realizam outras duas oficiais ao longo do ano para deliberações científicas: em Bonn, na Alemanha, para trabalhar os assuntos de suas áreas de expertise, como vulnerabilidade e medidas de resposta aos impactos da crise climática nos países em desenvolvimento, mecanismos tecnológicos, comitê de adaptação etc; e o Mecanismo Internacional de Varsóvia sobre Perdas e Danos associados aos Impactos da Mudança Climática

SBI57

É responsável por colocar em prática o Protocolo de Kyoto e o Acordo de Paris. É por meio do SBI que se constroem instrumentos para implementação de transparência, mitigação, adaptação, finanças verdes e capacidade tecnológica que visam atingir a ambição das partes. Desde 2014, o SBI busca avançar em MRV (measurament, reporting and verification) – na medição, reporte e verificação -, critérios transparentes para prover dados técnicos relacionados à emissão dos gases de efeito estufa.

Visite o site oficial da COP 27 para saber mais: https://www.cop27.eg/#/ 

O Instituto Ekos Brasil seguirá acompanhando as notícias e as decisões da COP 27. Fique de olho em nossas redes sociais.

E se você representa uma empresa interessada em compensar suas emissões de Gases de Efeito Estufa, o Compromisso Com o Clima conecta grandes empresas e projetos dedicados a gerar benefícios sociais e ambientais. Saiba mais clicando aqui.

5 podcasts sobre Mudanças Climáticas para acompanhar

5 podcasts sobre Mudanças Climáticas para acompanhar 

Consumir podcasts tornou-se um hábito para um público que só tende a crescer. A nova ferramenta de comunicação conquistou o mundo por sua facilidade na escuta, produção e principalmente por sua possibilidade de atrair grupos cada vez mais nichados. E o público interessado nas pautas sustentáveis, de mudanças climáticas e conservação ambiental não fica de fora dessa. 

Pela necessidade constante de atualização, precisamos estar atentos às decisões de diferentes vertentes que podem impactar o mercado, desde política, ecologia, setor empresarial à agroindústria. 

Por isso, pensando em você, profissional gestor/a, engenheiro/a, pesquisador/a ou apenas curioso da área, separamos 5 dicas de podcasts sobre sustentabilidade com foco empresarial. 

 

CEBDS Sustentável

Com objetivo de promover o desenvolvimento sustentável através da articulação do governo com a sociedade civil, o CEBDS trabalha ao lado de representantes das demais associações que atuam com projetos a favor da biodiversidade, água, sistemas alimentares, impacto social, entre outras. Além disso, mais de 60 dos grandes grupos empresariais do país participam do Conselho.

 

TED Climate

Preocupar-se com mudanças climáticas envolve muitos saberes e manter-se atualizado sobre tudo o que acontece no mundo é praticamente impossível. E tendo isso em mente, o TED criou o programa Climate que, em suas palavras, “descompacta os problemas e soluções por trás de grandes problemas sistêmicos”. E tudo isso em episódios curtos conduzidos por Dan Kwartler.

 

The Climate Question

Neste programa da BBC World Service, o propósito é apresentar histórias que nos ajudam a compreender como podemos salvar o nosso planeta e como podemos fazer isso. Vale a pena conferir. 

 

CBN Sustentabilidade

Com Rosana Jatobá, a CBN apresenta as principais notícias da área de ESG e traz convidados para debater temas relacionados. Essas pílulas de informação podem ajudar – e muito – no cotidiano do trabalho. 

 

ESG de A a Z

E já que falamos sobre ESG, que tal um podcast exclusivo para o tema? Proposto pela Exame, este é um programa para “quem quer mudar o mundo”, como eles pontuam. O objetivo de Rodrigo Caetano é entrevistar líderes do capitalismo de stakeholder sobre como pode-se alcançar uma economia mais justa e correta, sem descartar a lucratividade. 

Gostou das dicas? Use e abuse desses conteúdos de podcasts sobre mudanças climáticas e compartilhe com sua rede. 

 

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Agir juntos: uma luta pela conscientização das mudanças climáticas

Agir juntos: uma luta pela conscientização das mudanças climáticas

Documento do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) alerta o Brasil para drásticas consequências se práticas conjuntas não forem adotadas para a conscientização das mudanças climáticas. 

A cada publicação do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, o famoso IPCC, nos conscientizamos da urgência de colocarmos em prática ações estruturais que estejam em consonância com planos de ação, não apenas direcionado à redução de emissões dos gases de efeito estufa, mas também visando o investimento em projetos de adaptação e resiliência frente aos efeitos da crise climática.

A ideia é que todos os atores envolvidos em ações de mitigação, adaptação e resiliência, unam esforços para não ultrapassarmos a temperatura média do planeta de 1,5ºC.

Para nortear a factibilidade da implementação de projetos de adaptação, a segunda parte do 6º relatório IPCC apresenta seis dimensões que devem integrar nosso planejamento: econômico, tecnológico, institucional, sócio-cultural, ambiental e geofísico. 

Ele ainda traz inúmeras possibilidades de soluções trazidas pelo próprio relatório, podemos citar três das mais viáveis para o desenvolvimento sustentável da região Brasileira são:

  • Gestão do consumo dos recursos naturais, mais especificamente, gestão hídrica, não apenas no âmbito das empresas prestadoras de serviços de saneamento básico, mas também indústrias dependentes desse recurso.

A perda ao longo da distribuição de água no Brasil atinge níveis de até 38% dependendo do município e precisa de uma drástica redução, por parte das prestadoras de serviços de saneamento, assim como por indústrias, as quais precisam investir em soluções de sistema fechado para reuso da água provinda do próprio sistema eficiente de tratamento de água, além de soluções alternativas, como captação de água de chuva e seu devido tratamento para usos diversos de acordo com o incentivo pelo Marco Legal do Saneamento. ( Lei Nº 14.026)

  • Conservação dos ecossistemas entram em projetos como os EbA, ou seja, projetos de Adaptação baseadas na Natureza. A necessidade de proteger biomas reduz a vulnerabilidade de toda a biodiversidade do planeta, o que inclui a espécie humana, pois reduz poluição atmosférica e naturalmente constrói sistemas naturais resilientes.

Importante ressaltar que não apenas a crise climática é uma problemática, mas estamos enfrentando a 6ª extinção em massa no nosso planeta, sendo a 5ª a extinção dos dinossauros, por questões externas à evolução da biodiversidade terrestre. Neste momento, enfrentamos essa problemática devido, justamente, às ações antropogênicas, o que nos coloca também em risco de extinção.

  • Investimento de impacto sócio-econômico ambiental positivo em projetos de restauro florestal, entre outras Soluções Baseadas na Natureza (NBS), para sequestro de carbono para mitigação dos gases de efeito estufa. Esforços como esse contribuem com benefícios de mitigação e adaptação, pois evitam mais emissões de GEE e ainda promovem o sequestro de CO2.

Sabendo dessas linhas de projetos de adaptação, é necessário agir em parceria na implementação das metas de gestão de desenvolvimento sustentável, não somente em esferas governamentais, mas nas instituições privadas. É de responsabilidade de todos os atores a intervenção para voltarmos a uma rota ambientalmente saudável e que naturalmente gerará uma sociedade mais justa e menos opressora, principalmente às populações mais vulneráveis aos eventos extremos os quais já é enfrentado globalmente. 

O Instituto Ekos Brasil atua no desenvolvimento e customização de soluções para gestão de sustentabilidade. Sendo assim, convidamos você, leitor/a, a acessar os produtos e serviços prestados pelo Instituto, em linha com adaptação por meio da conservação e também por meio do programa Compromisso Com o Clima, a partir de projetos de compensação de emissões residuais.

 

Por Danielly de Andrade Mello Freire

Revisão de Jessica Fernandes e Teresa Breda.

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neutralidade de carbono

Metas mais ousadas pela neutralidade de carbono: caminho de oportunidades para o Brasil

Metas mais ousadas pela neutralidade de carbono: caminho de oportunidades para o Brasil 

O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável tem engajado e pressionado cada vez mais o setor empresarial em sua transição para uma economia de baixo carbono.

Em recente artigo publicado no primeiro semestre de 2021, assinado por todas as empresas signatárias do CEBDS, a instituição apresenta de forma clara e concisa todos os ganhos e oportunidades a serem alcançados com uma maior ambição climática por parte do Brasil.

O conselho é enfático ao afirmar que metas mais ambiciosas pela neutralidade climática não são apenas possíveis, como desejáveis, para que o País avance na geração de empregos, no poder de negociação com seus principais competidores no mercado internacional, na retomada da reputação como protagonista histórico em sustentabilidade, dentre outros.

Detentor de 20% de toda a biodiversidade do planeta, o país pode se tornar o grande player mundial da bioeconomia caso ambicione metas mais ousadas do que aquelas estabelecidas em nosso NDC. De acordo com o CEBDS, tal postura seria capaz de atrair muito mais recursos internacionais do que os previstos, cerca de US$ 17 bilhões até 2030 de acordo com a organização, incrementando inclusive um crescimento vertiginoso do PIB e da produtividade agrícola.

Além disso, políticas públicas para a regulamentação de um mercado de carbono, combustível de fonte renovável e pagamentos por serviços ambientais podem alavancar a competitividade do país, que já tem vantagens em termos de matriz energética limpa e renovável, biodiversidade, recursos humanos capacitados, etc, instigando ainda mais a entrada de recursos financeiros externos.

O Conselho Empresarial afirma ainda que o Brasil tem a capacidade de reduzir suas emissões de Gases de Efeito Estufa em até 42% até 2025, em relação aos níveis de 2005, garantindo seu lugar de protagonismo na corrida pela neutralidade de carbono.  

“Os desafios são enormes e entendemos que metas mais ambiciosas trarão mais oportunidades para o desenvolvimento de negócios, resultando em mais oportunidades de investimentos, de recolhimento de tributos e de geração de renda ao setor privado, à sociedade brasileira e consequentemente ao País”, conclui artigo do CEBDS.

 

O setor privado é, sem dúvidas, uma das engrenagens mais importantes para que metas mais ambiciosas sejam efetivas e tragam todos esses ganhos para o país, aliado, é claro, às ações da sociedade civil e do poder público.

Como evoluir a estratégia da sua empresa para contribuir com tal corrida pela neutralidade?

O Programa Compromisso com o Clima tem como objetivo engajar o setor privado em ações de responsabilidade climática. Nosso programa proporciona a compensação de emissões de forma simples e segura.

 Entre em contato e conheça.

Fonte: Neutralidade Climática: uma grande oportunidade

 

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Semana Regional do Clima 2021

Desafios de planejamento e economia para mitigação das mudanças climáticas na América Latina

Desafios de planejamento e economia para mitigação das mudanças climáticas na América Latina

 A Semana Regional do Clima 2021 para América Latina e Caribe se aproxima. De 11 a 14 de maio, representantes de governos nacionais, regionais, além do setor privado, instituições financeiras e sociedade civil irão se reunir virtualmente para dialogar em conjunto sobre a recuperação dos seus países da crise pandêmica em conformidade com modelos mais sustentáveis de sobrevivência.

A Semana Regional do Clima acontece em todos os continentes e é uma preparação para a COP 26, marcada para novembro deste ano, na Escócia. Se não fosse pela pandemia, o evento latino-americano teria sede na República Dominicana.

Na ocasião, os participantes devem abordar três principais temáticas: planos nacionais de ação e pacotes econômicos que permitam a recuperação pós-COVID-19 e suportem o Acordo de Paris; soluções integradas pelo desenvolvimento a partir da resiliência climática, abordando os desafios da região para uma economia de baixo carbono; e a busca por soluções disruptivas escaláveis capazes de posicionar a América Latina como uma região de baixa emissão de carbono, com foco em setores da economia que necessitam de transformações profundas.

Com o intuito de abordar os desafios que muito provavelmente serão discutidos intensamente pelos representantes na Semana Regional do Clima, apresentamos a seguir as conclusões do estudo “A economia da Mudança Climática na América Latina e no Caribe”, publicado em 2019 pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) da ONU.

 

Desafios da mudança climática e do desenvolvimento sustentável na América Latina e no Caribe

De acordo com o estudo, o estilo de desenvolvimento e os padrões de consumo da população latino-americana são incompatíveis com um desenvolvimento sustentável a longo prazo.  O aumento da renda ao longo da última década levou a uma diminuição dos gastos com alimentos e a um aumento do consumo de combustíveis fósseis.

Além disso, a publicação aponta que 22% da população latino-americana vive em zonas rurais e que a atividade agropecuária é responsável por 5% do PIB da região. Por outro lado, é também a atividade mais sensível às mudanças climáticas, podendo ser afetada em sua estrutura, em seus rendimentos e em seus ciclos produtivos. Até 2080, a produtividade pode ter uma queda entre 23% e 12% na região.

Com relação a geração de energia, o desafio é duplo. Mesmo se a matriz energética por aqui supera a média mundial na geração por fontes renováveis, o consumo ainda está baseado na geração de energia não-renovável. Por isso, ao mesmo tempo em que busca reduzir suas emissões na matriz energética, a região precisa ficar atenta às consequências das mudanças climáticas em sua matriz renovável, altamente suscetível aos efeitos do aquecimento global.

Um outro desafio está na disponibilidade de recursos hídricos. Apesar de contar com um alto volume de água per capita, a água não está distribuída homogeneamente entre os países latino-americanos. Enquanto México, Caribe e América Central podem sofrer com mais secas, a América do Sul estará mais exposta a inundações, em um cenário de consequências das mudanças climáticas, afetando de forma muito particular a agricultura.

E ainda o desafio da elevação do nível do mar que, como consequência do aquecimento global pode reduzir a defesa costeira das praias, inundar ecossistemas, reduzir o turismo, afetar a operação de portos e segurança das obras marítimas, variar o fluxo das ondas, dentre outros.

Todos esses desafios, além de suas já citadas questões problemáticas, indubitavelmente se relacionam com a vulnerabilidade social da população latino-americana, afetada cruelmente pela COVID hoje, e certamente também a mais afetada com os efeitos das mudanças climáticas no presente e em um futuro próximo.

Por isso, planejar a recuperação econômica no período pós-pandêmico não pode ser uma iniciativa descolada da gestão das mudanças climáticas, seja na América Latina, seja no mundo.

 

Quer fazer parte dessa mudança socioambiental? 

Conheça o Compromisso com o Clima e traga a sua empresa para uma economia de baixo carbono. 

 

 

 

 

 

 

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Custo Social do Carbono

Por que o Custo Social do Carbono é importante?

Por que o Custo Social do Carbono é importante?

Em fevereiro deste ano, o governo americano anunciou um novo valor para o Custo Social do Carbono: US$ 51 por tonelada de CO2 equivalente emitida, cerca de sete vezes mais que aquele praticado pela administração de Donald Trump.

A medida, de fato, acompanha a uma série de ações de responsabilidade que vêm sendo implementadas pelo governo Biden-Harris, como o retorno dos Estados Unidos ao Acordo de Paris, um plano de infraestrutura com fortes incentivos às energias renováveis e o recente convite à líderes de quarenta nações para a realização de um evento internacional sobre a crise climática.

 

Mas, afinal, o que é o Custo Social do Carbono?

Diferente de um imposto ou taxa sobre o carbono, o Custo Social do Carbono é uma quantificação financeira do impacto de se emitir gases de efeito estufa na atmosfera. Este custo incorpora consequências como perdas na agricultura e impactos de eventos climáticos extremos, cada vez mais frequentes com o aquecimento global.

O CSC é um parâmetro que auxilia na tomada de decisões do governo federal americano. Junto com o projeto de construção de uma nova ferrovia, por exemplo, também é apresentado o Custo Social do Carbono relativo às emissões associadas à implementação daquele projeto. Quanto maior o valor, maiores as chances do projeto ser considerado inviável para o governo.

Como consequência, projetos e tecnologias de alta emissão, como por exemplo aqueles que dependem de combustíveis fósseis, tornam-se menos atraentes, impactando todo o mercado em um ciclo virtuoso.

O parâmetro ainda carece de progressos. Muitos especialistas questionam o fato do CSC não incorporar em seus critérios os efeitos das mudanças climáticas sobre a desigualdade social e a redução das florestas tropicais.

 

E por que o Custo Social do Carbono é tão importante?

Quando o governo americano atribui um valor cada vez mais alto às emissões de carbono, isso significa que está enviando um claro sinal para o mercado de que as políticas ambientais e macroeconômicas estão alinhadas com a urgência climática e com os objetivos do Acordo de Paris.

A medida também se une as demais de precificação de carbono, como o sistema cap and trade e com taxação de impostos sobre as emissões. Todas essas, assim como o CSC acabam por internalizar o custo das mudanças climáticas na economia, além de impactar de forma especial os setores privados mais poluentes, como a aviação civil e a indústria. De fato, esses mecanismos já estão presentes ou em consideração em 61 jurisdições, responsáveis por 22% das emissões globais.

 

E o Brasil?

O Brasil ainda não possui um sistema de precificação de carbono, mas as perspectivas para regulação do tema são positivas. O Governo Federal vem conduzindo um trabalho que deve levar a criação de um instrumento de mercado que precifique as emissões de GEE de determinados setores.

Além disso, o setor privado, organizados pelo CEBDS, vem se posicionando de forma favorável a mecanismos de precificação de carbono que fomentem uma transição para a economia de baixo carbono, de forma a favorecer a competitividade das empresas brasileiras.

 

 

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água subterrânea

O uso de água subterrânea e a crise hídrica na Região Metropolitana de São Paulo

O Uso de Água Subterrânea e a Crise Hídrica na Região Metropolitana de São Paulo

Por Sander Eskes e Reginaldo Bertolo

A estiagem ocorrida no estado de São Paulo entre os anos de 2014 e 2015, que provocou historicamente a pior crise hídrica conhecida, pode ser interpretada como efeito das mudanças climáticas em curso. Segundo pesquisas, tais crises hídricas podem se repetir no futuro, dado que a expectativa é de que haja um aumento na frequência, duração e intensidade de eventos climáticos extremos. De acordo com os estudos apresentados nos Planos de Bacia Hidrográfica, as perspectivas futuras para a melhoria da segurança hídrica na bacia do Alto Tietê envolvem a adoção, de forma combinada, de várias medidas:

  • A diminuição das perdas de água tratada da rede pública;
  • A diminuição do consumo (ou o aumento da eficiência do uso da água por parte da população);
  • O aumento da taxa de tratamento de esgoto, seguida da utilização desta água tratada para fins não potáveis;
  • O aumento da captação e uso da água da chuva; e
  • O uso da água subterrânea, que já é historicamente bastante intenso na RMSP, e que garante boa parte da segurança hídrica atualmente.

Estudos do CEPAS|USP, e outros centros de pesquisa, apontam para um uso bastante significativo dos aquíferos da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP). São aproximadamente 14 mil poços em operação. A água é utilizada praticamente pela iniciativa privada especialmente em indústrias, condomínios e clubes, sendo poucos os poços destinados para fins de abastecimento público. Em geral, a água subterrânea desses poços apresentam-se com boa qualidade, inclusive para fins potáveis. As vazões individuais dos poços são relativamente baixas, de cerca de 8 m3/h, mas a somatória das vazões individuais representam um valor significativo, estimado em cerca de 10 m3/s, representando 15% da demanda por água em toda a RMSP.

Avalia-se que a água subterrânea representa um recurso imprescindível, pois, na sua falta, o próprio sistema público não conseguiria atender a esta vazão caso os usuários dos poços resolvessem utilizar-se da água fornecida pela concessionária. Porém, há problemas na gestão deste recurso hídrico. Estima-se que cerca de dois terços dos poços sejam irregulares. Outros problemas são a superexplotação e poluição da água subterrânea em alguns setores da região urbana. Neste mapa da RMSP, as áreas em amarelo representam a mancha urbana e os pontos representam um poço outorgado. As áreas de maior adensamento podem representar regiões onde a extração da água é maior que a recarga dos aquíferos, levando-os localmente à exaustão. As áreas em cor laranja representam zonas predominantemente industriais, locais esses também de intenso uso da água por poços. E são essas as áreas onde há uma maior probabilidade de haver áreas contaminadas que comprometem a qualidade da água dos aquíferos.

aquífero

 

Um exemplo é a região do Jurubatuba (em vermelho no mapa), antiga região industrial densamente urbanizada na Zona Sul da Capital, e que apresenta um histórico de contaminação da água subterrânea em diversas profundidades, inclusive a que é extraída pelos poços profundos. A origem da contaminação, especialmente por solventes organoclorados, se deve à ação pretérita de vários atores.

A determinação dos responsáveis pela contaminação do aquífero gera uma situação de insegurança jurídica para os responsáveis legais das áreas contaminadas conhecidas no local. Algumas perguntas que indicam a dificuldade no gerenciamento desta demanda são: Quais seriam os limites de responsabilidade de cada ator? Como diferenciar a identidade das plumas de contaminação em profundidade? Todas as áreas fontes e todos os responsáveis pela contaminação foram identificados?

Um fato, entretanto, é que há usuários de poços na região e arredores, cuja água não passa por monitoramento sistemático de vários compostos químicos poluentes, o que pode levar a saúde do usuário a uma situação de exposição a riscos.

Avalia-se, portanto, a necessidade de se realizar um projeto com as seguintes finalidades:

  • Conhecer melhor a dinâmica dos aquíferos;
  • Recuperar gradativamente a qualidade regional da água subterrânea;
  • Aumentar a disponibilidade de água subterrânea na região; e
  • Diminuir o risco de exposição dos usuários à água subterrânea contaminada.

O Instituto Ekos Brasil está propondo a realização do Programa Regional de Manejo da Qualidade da Água Subterrânea em Jurubatuba, SP, para a otimização da remediação das áreas contaminadas, juntamente com o manejo sustentável do aquífero profundo nesta área de Jurubatuba. Esta proposta está progredindo junto às autoridades competentes do estado e do município do São Paulo.

Prevê-se que este Programa será financiado temporariamente por meio de um fundo privado regional, com mecanismos que permitam a aplicação de contribuições financeiras das partes interessadas por período limitado, oferecendo segurança jurídica para os atuais responsáveis legais por áreas contaminadas. Como benefícios do Programa, avalia-se que a água subterrânea dos aquíferos terá a sua qualidade sendo gradativamente recuperada, ao mesmo tempo em que é utilizada para diversos usos, e com os seus usuários protegidos das situações de riscos.

Várias regiões similares à do Jurubatuba ocorrem na RMSP, mas com pouco conhecimento ainda disponível. Este projeto na região do Jurubatuba pode ser considerado um piloto, com objeto e tempo limitados. A partir de seu êxito, o mesmo conceito poderá ser aplicado em outras partes da RMSP e no país. Assim, avalia-se que este projeto pode contribuir para oferecer a proteção, a segurança e a reutilização das águas subterrâneas urbanas como uma reserva estratégica ou emergencial, o que certamente concorrerá para a atenuação de outras possíveis crises hídricas futuras. No conjunto, tais ações de gestão ambiental representam atributos de uma sociedade atenta à utilização e proteção de seus recursos naturais.

 

*Sander Eskes Ekos Brasil |

*Reginaldo Bertolo – CEPAS|USP – Centro de Pesquisas de Águas Subterrâneas

 

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