Deixe sua mensagem para saber mais sobre nossos serviços, dúvidas, sugestões, solicitações de entrevistas, dentre outras.
#Conteúdo
Conteúdo conscientiza, educa, facilita, gera diálogo e estreita relações. Confira nossos artigos, notícias, publicações autorais e compartilhe com a sua rede.
Por Ciça Wey de Brito
Neste ano de 2020 faleceu uma das mais importantes pesquisadoras e difusoras da conservação dos solos no Brasil a Dra. Ana Primavesi, que completaria 100 anos em outubro.
Ana Primavesi , nascida na Áustria, veio para o Brasil em 1948 e atuou aqui como engenheira agrônoma e professora da Universidade Federal de Santa Maria, onde criou o primeiro curso de pós-graduação focado em agricultura orgânica. À pesquisadora é também reconhecida a influência para o estabelecimento da agricultura orgânica e a agroecologia.
A conservação dos solos no mundo e no Brasil não têm sido tarefa fácil! Este imprescindível elemento da natureza, que dá suporte a todas as nossas atividades é o resultado de um longo trabalho da natureza. Para dar uma ideia de como é lenta a formação do solo é só pensar que são necessários cerca de 400 anos para se formar 1 cm (um centímetro) de solo!
Para que o solo seja criado é necessária a ação da chuva, do vento, do calor, do frio e de organismos (fungos, bactérias, minhocas, formigas e cupins), que ao desgastarem as rochas de forma lenta no relevo da terra, criam partículas (minerais e orgânicas) que vão sendo depositadas em camadas, chamadas de horizontes.
Estima-se que no mundo cerca de 25% de todas as espécies vivas residam no solo. Em apenas um metro quadrado de solo são encontrados bilhões de organismos e milhões de espécies. Muitas destas espécies não são facilmente visíveis por nós, humanos. Parte delas é de fungos e bactérias, responsáveis por decompor a matéria orgânica do solo, controlar a dinâmica do carbono orgânico e tornam os nutrientes disponíveis para as plantas. Esta grande variedade de espécies é ameaçada pela intensificação de uso do solo e pelo intensivo de fertilizantes químicos, pesticidas e herbicidas.
Outro grande problema mundial é a perda de solos por erosão. Em 2019 a ONU alertou para o número superlativo de perda de solos por erosão no mundo – 24 bilhões de toneladas de terra fértil. Além da erosão “roubar” terras cultiváveis, o solo carreado pelas chuvas se deposita nos córregos e rios, deixando-os assoreados e poluídos. A perda de solos pela erosão tem também efeitos econômicos diretos como mostrou estudo da FAO (Food and Agriculture Organization) de 2016. O estudo estimou que perdas anuais de culturas causadas por erosão foram de 0,3% da produção. A erosão em solo agrícola e de pastagem intensiva varia entre cem a mil vezes a taxa de erosão natural e o custo anual do uso de adubos para substituir os nutrientes perdidos pela erosão chega a US $ 150 bilhões, segundo a organização.
No Brasil, mesmo a experiência e dedicação da Dra. Primavesi e de outros técnicos e cientistas, que como ela olharam o solo como um ambiente vivo e sensível e pregaram a sua conservação, não foi suficiente para evitar a degradação desse importante ativo ambiental. No país, temos 60 milhões de hectares de pastagens degradadas!.
A conservação do solo é um conjunto de princípios e técnicas agrícolas que visa o manejo correto das terras cultiváveis, procura manter a estrutura e fertilidade dos solos e evitar sua erosão. Algumas destas práticas são:
[su_list icon=”icon: check”]
[/su_list]
O solo é um ativo ambiental essencial à vida na Terra e sua conservação deve merecer toda a atenção. Ele garante a produção de alimentos, fibra e energia, fornece serviços ambientais essenciais (regulação e abastecimento de água, do clima, conservação da biodiversidade, sequestro de carbono e serviços culturais).
Como vem alertando o secretário-geral da ONU, António Guterres, recuperar solo de terras degradadas, é também uma arma importante na luta contra a crise climática, uma vez que o setor de uso da terra representa quase 25% do total de emissões globais, e que a restauração de terras degradadas tem o potencial de armazenar até 3 milhões de toneladas de carbono anualmente.
O Brasil possui reconhecida capacidade técnica de trabalho com seus solos, boa parte focada na melhoraria de fertilidade de alguns deles, notadamente os que suportam o bioma Cerrado, onde boa parte da agropecuária nacional está estabelecida.
É portanto de se esperar que num país tão dependente da produção agropecuária, esta mesma capacidade de inovação e grandes investimentos possa ser redirecionada, para recuperar a qualidade/capacidade de solos perdida em muitas regiões do país, para intensificar o uso de técnicas de conservação do solos já há muito conhecidas e para apoiar uma mudança necessária do paradigma de uso descuidado deste insubstituível ativo ambiental.
Que os ensinamentos de Ana Primavesi vivam se espalhem para sempre!
O SAM Sustainability Yearbook é uma publicação anual que elenca em um ranking empresas ao redor do mundo avaliadas nos quesitos ambiental, social e de governança, ou seja, em sustentabilidade corporativa. A base do Yearbook é a avaliação Corporate Sustainability Assessment (CSA) que fundamenta a elaboração dos Índices de Sustentabilidade Dow Jones, portanto, de alta credibilidade.
O site da publicação é bem completo, com todos os rankings e análises comparativas ano a ano do progresso da sustentabilidade corporativa. Nele, encontramos um relatório específico sobre os resultados que compreendem as empresas latino-americanas.
Abaixo, você confere os destaques desse relatório.
As empresas latino-americanas que figuram no Corporate Sustainability Assessment até apresentaram uma melhoria gradual em sustentabilidade corporativa, mas, de acordo com a publicação, ainda muito modesta em relação às fraquezas socioambientais da região.
Foram avaliadas 124 empresas dos cinco países a seguir: Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru. Esse número representa uma adesão de 46% das empresas convidadas a serem avaliadas pelo processo (os convites são entregues às maiores empresas do mundo).
Um dos destaques é o fato de que embora nos quesitos e questões individuais da CSA a gestão da sustentabilidade nas empresas seja lenta, quando olhamos para toda a região a pontuação média no Total de Sustentabilidade fica um pouco à frente da América do Norte.
A quantidade de empresas LATAM que figuram na lista do Índice Dow Jones de Sustentabilidade permaneceu estável de 2018 para 2019 com 14 membros, de um total de 318 de 27 países.
Mais uma vez, as empresas colombianas superaram as demais na América Latina em gestão da sustentabilidade. Já as empresas do México e do Peru apresentaram resultados muito ruins nas três dimensões da avaliação: econômica, social e ambiental.
Na dimensão econômica, a América Latina supera a média global de políticas anticrime, códigos de conduta nos negócios e materialidade. Nos critérios restantes, o desempenho da sustentabilidade é fraco. O mais preocupante deles é a Governança Corporativa, no qual as empresas da América Latina aparecem muito abaixo das empresas da América do Norte, da Europa e até alguns pontos abaixo de seus pares na Ásia.
Na dimensão ambiental, as empresas latino-americanas performaram abaixo da média global em seis dos sete critérios intersetoriais nessa dimensão. A Estratégia Climática é o critério em que a América Latina tem sua pior comparação com a média global. Além disso, os resultados abaixo da média global em outras 10 questões intersetoriais demonstram a necessidade das empresas LATAM investirem mais em sustentabilidade e liderança ambiental.
Na dimensão social as empresas latino americanas alcançaram as melhores pontuações e acompanham as empresas do mundo todo em muitos critérios. No Indicador de Práticas Trabalhistas, as empresas LATAM pontuaram acima da América do Norte e da Ásia pelo segundo ano, demonstrando a continuidade em quesitos de responsabilidade social. Para cada uma das questões dentro do critério Trabalhista – diversidade da força de trabalho, remuneração igual, liberdade de associação -, as empresas LATAM ultrapassam as médias globais.
Os resultados da CSA indicam que as empresas da América Latina continuam atrás do resto do mundo em gestão da sustentabilidade, ainda que em menor grau que em 2018.
Como destacamos, há um progresso modesto no desempenho em questões sociais no entanto, as empresas ainda precisam abordar com mais afinco as questões econômicas e ambientais que atualmente puxam a pontuação média da região para baixo.
Confira a lista das empresas brasileiras que figuram no Sustainability Yearbook 2020
Países, empresas e pessoas podem se engajar na luta contra o aquecimento global neutralizando suas emissões de carbono. Afinal, hoje em dia, praticamente nenhum produto, serviço ou atividade está livre da emissão de carbono, por isso, aquilo que não conseguimos evitar, pode ser compensado. Você pode, por exemplo deixar de usar seu carro para ir ao mercado, mas os produtos que você compra provavelmente foram transportados até o mercado por caminhões, usando combustíveis fósseis.
Mas, antes de abordar com mais profundidade a compensação de carbono, vamos entender a diferença entre alguns conceitos.
Redução de Gases de Efeito Estufa: são medidas implementadas para minimizar ao máximo a emissão de CO2. Bons exemplos são a reciclagem, redução no uso de energia, reutilização da água, redução de deslocamentos por carro ou avião, etc.
Compensação de carbono: após reduzir a emissão de CO2 ainda é possível compensar as emissões que forem inevitáveis. Uma empresa pode adotar todas as iniciativas de redução acima, ainda assim, suas operações ainda emitirão gases de efeito estufa. Essa emissão inevitável pode ser compensada. Isso acontece graças a um mercado de carbono que promove o intercâmbio entre quem gera créditos de carbono por reduzir emissões (a partir do uso de biogás, energia renovável, conservação de florestas, etc) e quem precisa compensar suas emissões residuais. Portanto, uma organização compra créditos de carbono de outra (que pode ser uma associação, instituição ou projeto) e essa recebe os investimentos. Vamos explicar melhor esse mercado mais abaixo.
Pegada de carbono: é o cálculo que se faz (carbon footprint, em inglês) para medir as emissões de Gases de Efeito Estufa. As emissões são convertidas em Dióxido de Carbono equivalente (CO2e), uma unidade balizadora para o mercado de créditos de carbono (veja mais a seguir).
A compensação de emissões parte do princípio que o o aquecimento global é um fenômeno de mundial, portanto não importa onde a redução das emissões é feita. O importante é que ela seja feita!
Ainda na ECO92, no Rio de Janeiro, foi criada a Convenção Quadro das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (UNFCCC, em inglês) que estabeleceu responsabilidades a todos os países na mitigação das emissões de GEE.
Em 1997, na Conferência das Partes (COP), foi assinado o Protocolo de Quioto que dividiu os países em dois grupos: aqueles com metas de redução (países Anexo I) e países sem metas de redução. O Brasil ficou nesse segundo grupo, por sua baixa responsabilidade histórica nas emissões.
Em 2001, o Acordo de Marrakesh criou o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) que estabeleceu um mercado regulado de carbono no qual projetos em países em desenvolvimento, como o Brasil, poderiam vender créditos de carbono à organizações e governos do Anexo I.
Um crédito de carbono é igual a uma tonelada de CO2e que representa uma Redução Certificada de Emissões. Isso significa que quem deseja gerar créditos precisa passar por um meticuloso processo de cálculo, avaliação e aprovação para obter créditos de carbono no MDL.
Esse processo inclui seguir uma metodologia previamente aprovada pela UNFCC, ter seu método avaliado por uma terceira parte especialista na área, obter a aprovação do Governo Local, ser registrado na UNFCC, ser verificado por uma Unidade Operacional Designada (DOE, em inglês), e finalmente, ter o crédito de carbono emitido pela ONU.
O processo é longo, mas garante a confiabilidade da redução de emissão.
Com essa institucionalização, o mercado de créditos de carbono cresceu e se desenvolveu e junto com ele também os projetos de mitigação, como aqueles de energia renovável e de tratamento de resíduos.
No entanto, a partir de 2012 esse mercado vivenciou uma crise e o preço dos créditos de carbono caíram consideravelmente.
Porém, um mercado voluntário de carbono foi desenvolvido em paralelo ao mercado regulado, tendo como protagonistas não os países, mas as empresas que desejavam fazer a própria parte na luta contra as mudanças climáticas. Essas empresas atuam voluntariamente, pois vão além de suas obrigações legais, por isso esse mercado é chamado de voluntário.
As empresas neutralizam emissões geralmente de projetos socioambientais, ou seja, iniciativas locais de associações, cooperativas, ONGs e pequenas empresas que adotam medidas de redução em suas atividades como energia renovável, uso de biomassa, redução de desmatamento e degradação (REDD+) e, por isso, geram créditos de carbono que podem ser vendidos para empresas que desejam neutralizar suas emissões residuais.
É claro que esses projetos também são validados, verificados registrados por padrões internacionais como Verified Carbon Standard (VCS), The Gold Standard, dentre outros, mas não precisam de aprovação do governo nem da ONU.
A compra desses créditos pelas empresas gera recursos que, na maior parte das vezes, é investido no desenvolvimento da comunidade local, somando aos benefícios ambientais, também aqueles sociais.
Para ficar bem fácil de entender tudo isso, basta observar o Programa Compromisso com o Clima, uma parceria do Instituto Ekos Brasil com o Itaú, a Natura, a B3, as Lojas Renner e a MRV Engenharia, dentre outras empresas.
A fim de escalonar suas ações de compensação de carbono, essas empresas se uniram e, por meio da Plataforma Ekos Social, podem escolher projetos socioambientais para direcionar seus investimentos na compensação de carbono.
Os projetos são escolhidos a partir de um edital, no qual são avaliados tecnicamente pelo Ekos Brasil para então integrar a plataforma e compor o portfólio de compensação dessas grandes empresas.
Interessou? Seja você empresa ou desenvolvedor de projetos, acesse o Programa Compromisso com o Clima e saiba como participar!
Não é surpreendente observar que nos últimos cinco anos o Relatório Anual de Riscos Globais do Fórum Econômico Mundial tenha identificado como médio e alto risco a perda da biodiversidade e o colapso do ecossistema e classificado os dois temas como as principais ameaças que a humanidade terá de enfrentar nos próximos 10 anos.
Neste ano, o Relatório, produzido a partir de percepções da comunidade global de negócios, governos e sociedade civil, apresentou um resultado impressionante. Pela primeira vez, os cinco primeiros riscos globais são provenientes de uma única categoria: o meio ambiente.
Isso inclui a perda de biodiversidade como um dos principais perigos nos próximos 10 anos.
Nos últimos 50 anos a economia e a população global evoluíram em muitos sentidos. No entanto, a atividade humana alterou severamente 75% dos ambientes terrestres e marinhos. Cerca de 25% das espécies de plantas e animais foram ameaçados pela atividade humana, com milhões delas beirando a extinção. Sem contar que 47% dos ecossistemas foram reduzidos de tamanho no mundo todo.
O relatório do Fórum Econômico Mundial mostra, no entanto, que US$ 44 trilhões do valor econômico gerado – cerca de metade do Produto Interno Bruto global – é altamente ou moderadamente dependente da natureza e dos seus serviços.
A ameaça da natureza importa para a maioria dos negócios ao impactar operações, fornecedores e mercados.
Por isso, lideranças corporativas têm um papel crucial a cumprir colocando o meio ambiente como o centro dos seus processos e tomadas de decisão a fim de identificar, avaliar, mitigar e divulgar os riscos relacionados à natureza para evitar graves consequências.
As empresas podem e devem fazer parte do movimento global para proteger e restaurar a natureza.
Abaixo, algumas das recomendações do Relatório para que isso se torne realidade.
|
|
|
|
|
Confira o relatório na íntegra.
“Se a última década nos ensinou alguma coisa, é que a tecnologia construída sem esses princípios pode fazer mais mal do que bem”, disse o presidente-executivo da Microsoft, Satya Nadella, na sede da companhia, na última quinta-feira.
A empresa que faturou 128,5 bilhões em 2019 anunciou que deseja remover mais carbono da atmosfera do que emite até 2030 e que até 2050 espera ter mitigado toda a emissão de carbono produzida pela empresa desde a sua fundação, em 1975.
A promessa inclui a criação de um Fundo de Inovação Climática que investirá mais de 1 bilhão de dólares em iniciativas e novas tecnologias para reduzir a emissão de carbono de sua cadeia de suprimentos.
Outras empresas também anunciaram recentemente algumas iniciativas robustas em prol do meio ambiente. Aliás, desde 2017, quando o presidente Trump resolveu sair do Acordo de Paris, gigantes da indústria americana têm dado respostas concretas e contrárias às atitudes do presidente.
A Amazon sofreu uma pressão interna, de seus próprios funcionários, e também resolveu agir, mesmo que tardiamente. No fim do ano passado, a empresa anunciou o Climate Pledge, seu compromisso climático de cumprir o Acordo de Paris até 2040. Uma das primeiras iniciativas foi a encomenda de mais de 100 mil vans elétricas para a entrega de seus produtos. Cerca de 10 mil já devem estar nas ruas até 2022. A intenção de Jeff Bezos é que a Amazon funcione com 100% de energia renovável até 2030 e que a empresa seja carbono zero até 2040, uma década antes do que prevê o Acordo de Paris.
Se uma empresa com tanta infraestrutura física quanto a Amazon — que entrega mais de 10 bilhões de itens por ano – pode cumprir o Acordo de Paris dez anos antes, qualquer empresa pode”, disse Jeff Bezos ao anunciar o conjunto de ações da empresa.
A maior gestora de investimentos do mundo, BlackRock, também anunciou na última semana que irá intensificar seus esforços para reduzir suas emissões de carbono. “Todo governo, empresa e acionista deve enfrentar as mudanças climáticas”, disse Larry Fink, presidente-executivo da empresa. Em comunicado, a empresa anunciou desinvestimentos em empresas que apresentam altos riscos de sustentabilidade, como produtores de carvão.
E a sua empresa? Já despertou para a adoção de um modelo de negócio mais sustentável?
Entre em contato com o Instituto Ekos Brasil e conte com a ajuda dos nossos especialistas.
No último dia 5, faleceu em São Paulo a agrônoma e professora Ana Maria Primavesi, pioneira da agroecologia no Brasil, aos 99 anos.
Nascida na Áustria, em 1920, como Annemarie Baronesa Conrad, chegou a ser presa em um campo de concentração durante o período nazista e em 1948 veio para o Brasil, acompanhada do marido.
Aqui, iniciou sua carreira na Universidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul e nos 60 anos seguintes desenvolveu estudos sobre a terra, com publicações de livros e aprofundamento de técnicas como o manejo ecológico do solo e a rotação de culturas. Entre suas dicas agroecológicas estava o quebra-vento, uma barreira vegetal usada para proteger as plantas contra a ação do vento.
Até hoje, em qualquer faculdade de agronomia, seu livro “Manejo ecológico do solo” é bibliografia indispensável, em particular para quem estuda agricultura orgânica.
“O homem é o que a terra, ou o solo, faz dele”, dizia Primavesi. A pesquisadora colecionou prêmios, lutou pela terra, pela agricultura, pelo espaço da mulher na ciência, pela natureza e revolucionou a agroecologia na América Latina e no mundo.
Seu falecimento foi anunciado com um título inspirador e certeiro: “Um jatobá que tomba, centenário.”
Confira abaixo o texto na íntegra em homenagem a Ana Primavesi.
Reforçamos com ele nossa admiração pela pessoa e pelo legado de Primavesi pela agroecologia e pela natureza do nosso país.
Nossa querida Ana Maria Primavesi faleceu hoje, aos 99 anos de idade. Quase um século de vida, cerca de 80 anos dedicados à ciência no e do campo. Descansa uma mente notável, uma mulher de força incomum e um ser humano raro.
Afastada de suas atividades desde que passou a morar em São Paulo com a filha Carin, Ana recolheu-se.
Quase centenária, era uma alma jovem num corpo envelhecido que, mesmo se tivesse uma vitalidade para mais 200 anos, não acompanharia uma mente como a dela.
Annemarie Baronesa Conrad, seu nome de solteira, desde pequena apaixonou-se pela natureza, inspirada pelo pai. Naturalmente entrou para a faculdade de agronomia, mesmo Hitler tentando fazer com que as “cabeças pensantes” desistissem de estudar. Ela não só era uma das raras mulheres na faculdade como também aquela que destacou-se por seu talento natural em compreender o invisível: a vida microscópica contida nos solos.
Nestes 99 anos de vida, enfrentou todas as perdas que uma pessoa pode sofrer: irmãos, primos e tios na Segunda Guerra. Posteriormente, pai, mãe, marido. E seu caçula Arturzinho, a maior das chagas, que é perder um filho.
Sua morte hoje, causada por problemas relacionados ao coração, encerra uma vida de lutas em vários âmbitos, o principal deles na defesa de uma agricultura ecológica, ou Agroecologia, termo que surge a partir de seus estudos e ensinamentos. Não parece ser à toa que esse coração, que aguentou tantas emoções (boas e ruins) agora precise descansar.
Nosso jatobá sagrado, cuja seiva alimentou saberes e por sob a copa nos abrigamos no acolhimento de compreendermos de onde viemos e para onde vamos, tomba, quase centenário. Ele abre uma clareira imensa que proporcionará ao sol debruçar-se sobre uma nova etapa, a da perpetuação da vida. E dos saberes que ela disseminou.
Antes de tombar, nosso jatobá sagrado lançou tantas sementes, mas tantas, que agora o mundo está repleto de mudas vigorosas, prontas a enfrentar as barreiras que a impediriam de crescer. Essas mudas somos todos nós, cada um que a amou em vida, cada um a seu modo.
Nossa gratidão pelo legado único que nos deixa essa árvore frondosa, cuja luta pelo amor à natureza prevaleceu. A luta passa a ser nossa daqui em diante, uma luta pela vida do solo, por uma agricultura respeitosa, por uma educação que se volte mais ao campo e suas múltiplas relações.
Ana Primavesi permanecerá perpetuamente em nossas vidas.
Como diz nosso querido amigo Fabio Santos, parafraseando Che Guevara:“Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais conseguirão deter a Primavesi inteira.”
por Virgínia Knabben
A Organização Mundial da Saúde (OMS) acaba de divulgar o segundo relatório sobre Saúde e Mudanças Climáticas, elaborado a partir de uma pesquisa feita com 101 países.
O objetivo do relatório é fornecer indicadores para que os tomadores de decisão em políticas públicas possam considerar os dados para proteger suas populações dos mais devastadores impactos das mudanças climáticas na saúde.
O relatório destaca as seguintes conclusões:
Cerca de 50% dos países pesquisados (51 em 101) relataram ter uma estratégia ou Plano Nacional de Saúde e Mudanças Climáticas, mas uma análise qualitativa dos planos indicou que o conteúdo e o escopo dessas estratégias e planos variavam bastante.
A maioria dos planos (25 em 36) foi aprovada ou atualizada nos últimos cinco anos, indicando o reconhecimento da urgência em proteger a saúde da população da variabilidade climática e das mudanças climáticas, além da necessidade de construir sistemas de saúde resilientes ao clima.
A maioria dos países relatou apenas níveis moderados ou baixos de implementação de suas estratégias ou Planos Nacionais de Saúde e Mudanças Climáticas, sendo o financiamento citado como a barreira mais comum à implementação (24 de 43 entrevistados).
Quarenta e oito países (48 em 101) relataram ter realizado uma Avaliação de Vulnerabilidade e Adaptação para a Saúde. Quase dois terços desses países indicaram que os resultados das avaliações estão sendo usados para as políticas e para o Planejamento Nacional de Saúde. No entanto, os resultados estão tendo um impacto mais limitado na alocação financeira e de recursos humanos.
Dos 46 países que relataram desafios enfrentados no acesso ao financiamento climático internacional para a saúde, os três principais citados foram: falta de informações sobre oportunidades, falta de conexão dos atores da saúde com os processos de mudança climática e falta de capacidade de preparação de propostas nacionais.
A colaboração em políticas de saúde e clima foi maior entre o setor de saúde e o setor de água, saneamento e águas residuais (45 em 101 entrevistados), seguido pela agricultura (31 em 101 entrevistados) e serviços sociais (26 em 101 entrevistados).
Um quarto ou menos dos países relatou ter um acordo em vigor entre o setor de saúde e os setores de transporte, geração de eletricidade ou energia doméstica.
Muitas oportunidades de ação junto aos governos para impulsionar o desenvolvimento de políticas públicas na área da saúde e das mudanças climáticas.
Vamos agir?
Blockchain já é uma tecnologia bastante conhecida no mercado financeiro, mas de um tempo pra cá vem ganhando destaque por suas aplicações também em outras áreas, inclusive na ambiental.
A tecnologia consiste em uma rede segura de troca de dados por meio de blocos de conteúdo e impressões digitais. É um sistema descentralizado, público e que vem garantindo segurança e eficiência para diversos tipos de transações de dados.
As aplicações da tecnologia na área ambiental já são capazes de melhorar diversos processos existentes de gestão ambiental, seja no gerenciamento de energia e água, nas fontes de captação de recursos sustentáveis, nos mercados de carbono, dentre outros.
Recentemente, a WWK-Austrália e a BCG Digital lançaram a plataforma OpenSC capaz de rastrear o impacto ético e ambiental de produtos e alimentos.
Com base na tecnologia blockchain, a plataforma rastreia toda a cadeia de produção de produtos e alimentos por meio de códigos QR Code. Ao serem escaneados, transmitem dados para a plataforma que informam a origem do produto, como e quando ele foi produzido e também como foi feito o transporte até chegar ao consumidor final.
A ideia é ajudar pessoas e empresas a compreender se os produtos e alimentos que adquirem contribuem com a degradação ambiental e com a injustiça social.
Aqui no Brasil temos o exemplo da PlataformaVerde que controla e rastreia a produção, o transporte e a destinação de resíduos sólidos de uma empresa ou município.
Acompanhar essas informações passo a passo inibe a criação de aterros irregulares, a operação de pontos de descartes viciados, o uso de transportadoras, veículos e destinos não licenciados, entre outras práticas indevidas.
O site da plataforma explica:
Para entender o que ocorre, consideraremos como exemplo o transporte de um resíduo entre uma indústria e um aterro. Na plataforma, essa movimentação é vista como uma informação transacional, que será rastreada, a partir dos manifestos de transporte dos resíduos coletados da unidade geradora e durante todos os processos subsequentes.
As informações relacionadas aos resíduos e o “caminho” que eles percorrem incluem: o tipo de material que foi produzido durante um processo industrial ou comercial, a quantidade, a necessidade de algum tipo de autorização obrigatória, quem são os fornecedores que transportam e destinam o material etc. Todos estes dados são compartilhados com aqueles que participam da operação.
O Fórum Econômico Mundial do ano passado divulgou uma série de aplicações promissoras de Blockchain para a área ambiental. Separamos algumas delas, mas você pode conferir o documento completo neste link .
Mudanças Climáticas
Sistema comercial peer-to-peer de energia renovável
Crowdsale para investimentos em energia renovável
Otimização do gerenciamento da cadeia distribuída
Certificados de autenticação de energia renovável.
Registro de dados para logística de transporte otimizada
Redes de entrega baseadas em blockchain
Compartilhamento de veículos peer-to-peer
Sistema de estacionamento inteligente para gestão otimizada da mobilidade
Biodiversidade e conservação
Plataforma de dados digital para rastrear espécies e controle de doenças.
Registro de utilização de pesticidas em terras agricultáveis
Sistema incentivado para gestão responsável de resíduos.
Criptomoedas para investimentos em restauração de habitat e preservação de espécies.
Rastreamento de alcance geográfico de espécies ameaçadas
Saúde dos oceanos
Monitoramento de atividades ilegais de pesca
Incentivo às iniciativas de reciclagem de plástico dos oceanos
Monitoramento em tempo real da temperatura dos oceanos
Registro descentralizado e de código aberto dos dados dos oceanos
Levantamento de recursos para a conservação da vida marinha
Segurança da água
Micropagamentos para doações de hidrômetros
Dados hiperlocalizados para monitoramento da qualidade da água
Sistemas eficientes de tratamento de água
Seguro automatizado para lavouras em período de secas.
Ar limpo
Monitoramento local e em tempo real de partículas e NO2
Detecção imediata de vazamentos de substâncias tóxicas
Coleta de dados de poluentes a partir de fontes distribuídas
Prevenção de desastres
Sensores descentralizados do clima capazes de gerar alertas automáticos
Plataformas descentralizadas de seguro contra desastres
Gestão dos registros de transações para identificar, verificar e transacionar dados do clima.
Pela primeira vez, o Brasil será uma das sedes do Science Film Festival, promovido pelo Goethe Institut, em parceria com o ComKids. Festival tem tem o intuito de despertar em crianças, jovens e adultos o interesse e a curiosidade pela ciência. São Paulo, Rio de Janeiro e Florianópolis foram as cidades escolhidas para receber o evento, que nesta edição tem como tema: “Humboldt e a Rede da Vida” por ocasião do aniversário de 250 anos do grande cientista Alexander von Humboldt.
O evento de abertura em São Paulo, a ser realizado no próximo dia 6 de novembro, no Goethe Institut SP, a partir das 19h, contará com um debate sobre documentário de Humboldt e será moderado pela jornalista e pesquisadora Mariluce Moura, além de ter a dupla participação do Instituto Ekos Brasil, com a pesquisadora Maria Cecília Wey de Brito e com o cientista Paulo Artaxo.
O festival ainda percorrerá 14 unidades dos CEUs integrantes do Circuito SPCine de cinema da Prefeitura de São Paulo, além de programações específicas nas outras cidades.
Além do Brasil, o festival marcará presença em outros países, seja na América Latina, seja em outros continentes, nos quais o cientista esteve ou naqueles em que sua obra é valorizada.
Seu legado passa pelos temas da sustentabilidade e da multidisciplinariedade, sendo que já em 1800, Humboldt falava sobre mudanças climáticas provocadas pelo homem e seu prejuízo para o planeta. Ele não só foi o cientista mais famoso de sua época, mas um pensador visionário e um pioneiro do ambientalismo. Ele via a Terra como um organismo vivo, onde tudo estava conectado, desde o menor inseto até as árvores mais altas.
O Festival conta com uma MOSTRA de filmes curiosos, instigantes, divertidos e científicos para todas as idades e que adotam as abordagens e temas visitados no passado pelo cientista Alexander von Humboldt com ecos no presente.
As sessões poderão ser vistas nos Goethe-Instituts e em escolas, universidades e instituições de ensino durante o período do festival.
A seleção oficial de 2019 do SFF está no site com trailers de documentários, animações e reportagens que serão mostradas em diferentes países.
O Festival disponibiliza ainda atividades educativas num guia didático exposto no site, que complementa os temas explorados nos filmes através de experiências práticas, projetos ou jogos de aprendizagem oferecidos para professores e o público jovem e infantil. O SFF oferece um ambiente de aprendizado eficaz e agradável através dessa abordagem multidisciplinar com jogos, projetos e práticas que podem ser feitas antes ou depois dos filmes para enriquecer a experiência.
Escolas interessadas nas atividades e que queiram acessar o material podem entrar em contato com o comKids através do endereço mostracomkids@gmail.com. Os filmes ficarão disponíveis em um link privado do Vimeo até o final da mostra.
Saiba mais no site do festival.
A Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu a Natura com o Prêmio 2019 UN Global Climate Action Award, premiação mais importante do mundo sobre o tema.
A iniciativa analisou todo o trabalho realizado pela companhia e a reconheceu como uma empresa protagonista mundial no combate às mudanças climáticas. Os vencedores foram divulgados no evento Climate Week, em Nova York. Esta é a segunda vez que a Natura recebe um reconhecimento da ONU.
Para o UN Global Climate Action Award, a Natura foi uma das 15 selecionadas, dentre 670 projetos inscritos.
Além disso, haverá um reconhecimento às campeãs na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP 25), em Santiago, no Chile, que acontece de 9 a 13 de dezembro.
“O prêmio reconhece uma jornada que a Natura decidiu trilhar, há mais de uma década, de se tornar uma empresa carbono neutro. O reconhecimento tem o poder de inspirar a adoção de ações também por outras empresas para que, no futuro, a emissão de carbono na atmosfera seja zero”, diz Keyvan Macedo, gerente de sustentabilidade da Natura.
Vencedor na categoria Climate Neutral Now, o Programa Carbono Neutro, da Natura, foi iniciado em 2007 e neutralizou todas as emissões de gases do efeito estufa decorrentes das atividades da empresa. O monitoramento das emissões abrange desde a extração das matérias-primas até a produção, distribuição e descarte dos produtos. Para as que ainda não consegue evitar, a companhia empreende e apoia 38 projetos de neutralização de carbono.
“Temos como meta engajar toda nossa rede de consultoras, colaboradores, parceiros e consumidores para o risco do aquecimento global, um problema que afeta toda a humanidade. Por isso, nossos projetos de redução são um desafio contínuo e agora queremos atingir novos compromissos”, conclui Macedo.
Sobre o Programa Carbono Neutro
Criado em 2007, a primeira meta do Programa foi reduzir em 33% as emissões até 2013. Concluído com sucesso, a mesma meta foi estabelecida novamente, desta vez com o prazo para 2020.
Como algumas iniciativas não podem ser evitadas, a companhia apoia 38 projetos para compensar ou neutralizar os impactos ambientais.
O Programa Compromisso com o Clima é uma das principais ferramentas da Natura para compensar suas emissões apoiando projetos de terceiros.
O Instituto Ekos Brasil parabeniza a Natura pelo prêmio e agradece a parceria no Compromisso com o Clima!