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Perspectivas de mercado e do setor privado sobre mecanismos de baixo carbono

Cibele Lana 26 out 2020

A rede de organizações integrantes do Programa Compromisso com o Clima promoveu, na última quinta-feira, 22, a terceira edição da série de encontros Diálogos sobre a nova economia, dessa vez totalmente online

No webinar, especialistas e gestores das empresas apoiadoras comentaram sobre as tendências de mercado e sobre como as organizações estão reforçando seus compromissos com a sustentabilidade. O webinar teve abertura de Ana Moeri, Presidente do Instituto Ekos Brasil, que relembrou brevemente o histórico do Programa e o quanto este avançou nos 3 anos de sua existência. 

Na sequência, Gustavo Fontenele, do Ministério da Economia, destacou os avanços realizados no âmbito do projeto PMR (Project for market readiness) Brasil. 

Segundo Gustavo, o PRM Brasil busca fornecer informações para determinar se a precificação de carbono deveria ser implementada no Brasil, e sob qual formato. O Projeto está se aproximando do seu término, após passar por diversas etapas nas quais foram realizados estudos setoriais para avaliar a política e a modelagem de impactos da precificação de carbono, além das consequências da precificação na economia e no marco regulatório. 

Gustavo destacou ainda que os estudos permitiram identificar algumas vantagens de se adotar um modelo de mercado (Sistema de Comércio de Emissões), como a custo-efetividade, a flexibilidade, a transparência e o fomento à novos negócios que consigam identificar vantagens competitivas com a nova regulação.

O evento teve sequência com um painel de troca de experiências, que foi moderado por Denise Hills, Diretora Global de Sustentabilidade da Natura e contou com a participação de João Carlos Redondo, Diretor de Sustentabilidade da RaiaDrogasil, Viviane Otsubo Kwon, advogada especializada em Direito Ambiental, Mercado de Ativos Ambientais e Sustentabilidade do Mattos Filho Advogados e Thiago Othero, Coordenador de Projetos do Ekos Brasil. 

Viviane evidenciou o compromisso da Mattos Filho em neutralizar suas emissões até 2050 e como o Compromisso com o Clima se encaixa na estratégia da organização por ser complementar ao trabalho que era feito internamente. Segundo a advogada, a Mattos Filho realizava a avaliação jurídica dos projetos que apoiava, mas faltava uma avaliação técnica, que agora é uma das competências do Ekos Brasil. Viviane mencionou também que o ambiente de colaboração entre os apoiadores é outro aspecto positivo da participação no Programa. 

Questionada por Denise Hills sobre como os projetos candidatos são avaliados no Programa, Viviane citou alguns dos critérios analisados, como a titularidade dos créditos de carbono, a conformidade legal das organizações responsáveis pelo projeto e a ausência de dupla contagem das reduções de emissões geradas. E destacou que a avaliação jurídica da Mattos Filho busca fornecer recomendações para que os apoiadores entendam e evitem alguns riscos de cada projeto, o que é muito importante, pois não existem situações de risco zero.  

Já João Carlos Redondo, da RaiaDrogasil, compartilhou como a temática de mudanças climáticas foi incorporada na gestão das operações da empresa. Segundo João, a operação da empresa não é intensiva em emissões, mas quando se considera todas as unidades da organização e suas operações de distribuição, a escala de emissões e o potencial de redução é considerável. 

E acrescentou que a RaiaDrogasil tem o compromisso de trabalhar para reduzir seus impactos quanto a  resíduos, energia e emissões. Internamente, inclusive, a empresa busca soluções para otimizar a climatização e iluminação de suas unidades, responsáveis por boa parte das emissões e do consumo de energia. 

A compensação de emissões permite lidar com o impacto das emissões remanescentes e, nesse aspecto, a adesão ao Compromisso com o Clima foi positiva, já que organizar uma estrutura interna de avaliação e seleção dos projetos seria muito complexo. Segundo João, a participação no Programa trouxe segurança à organização, pois há competência técnica dos responsáveis e um ambiente de colaboração com os demais apoiadores.

Ao final do painel, Thiago Othero, do Instituto Ekos Brasil, apresentou as principais atividades do Programa, centradas na avaliação e seleção de projetos e na operação da Plataforma Ekos Social, onde as informações dos são facilmente acessíveis aos apoiadores institucionais. Além disso, Thiago comentou sobre o ambiente de colaboração entre o Ekos Brasil e os apoiadores e sobre como o Programa vem buscando fomentar novos tipos de projeto de forma coletiva.

Após o painel foi a vez de Caio Gallego, Coordenador de Projetos REDD+ da Biofílica, comentar sobre os desafios de promover a conservação da Amazônia e a importância do mercado voluntário de carbono. Segundo Caio, a Biofílica, que vem atuando desde 2008, passou por muitas fases ao longo de sua existência. No início, um papel importante da empresa era de explicar o mercado e buscar o engajamento, tanto dos potenciais compradores quanto dos proprietários de áreas que poderiam ser conservadas. 

À época, não havia uma clareza sobre o potencial real de mercado do REDD+, mas a Biofílica decidiu investir nesta agenda e avançou no desenvolvimento de projetos. Atualmente, os projetos da Biofílica apresentam impactos socioambientais relevantes, ajudando na preservação de 1,37 milhão de hectares. Caio comentou ainda sobre outros impactos positivos do Projeto de REDD+ Manoa, como conter o desmatamento na região, preservar a biodiversidade e promover ações de capacitação e educação ambiental na região do projeto, que está localizado no Norte do Estado de Rondônia 

Depois de passar por longos ciclos de desenvolvimento do projeto, a Biofílica encontra-se hoje em um ambiente de negócios mais favorável, no qual existe uma boa demanda pelos créditos de carbono de seus projetos. Segundo Caio, o desafio agora é garantir uma oferta para os próximos anos, o que será poderá ser feito pela expansão de seu portfólio de projetos. 

Ao final do evento, Gleice Donini, Superintendente de Sustentabilidade da B3, agradeceu a participação de todos, e comentou sobre o papel da B3 de engajar o setor privado no tema da responsabilidade climática. 

Para conhecer mais detalhes sobre o que foi apresentado, você pode assistir a gravação do webinar na página da TVB3 e baixar os materiais apresentados neste link.

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