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Finanças sustentáveis também significa investir em resiliência e adaptação às mudanças climáticas

Cibele Lana 19 ago 2022

A organização britânica Climate Bonds Initiative divulgou recentemente que os investimentos globais em green bonds têm grande chance de alcançar a marca de US$ 1 trilhão em 2022. Somamos a esse número a ampliação das práticas ESG, que impulsionam as empresas a adotar, cada vez mais, estratégias sociais, ambientais e de governança. Esses dois aspectos exemplificam o crescimento de um verdadeiro movimento no mercado financeiro intitulado “finanças sustentáveis”.

Em artigo publicado pela Febraban, a professora doutora Annelise Vendramini explica: “Finanças sustentáveis (…) buscam alocar dinheiro em atividades que contribuam para a sustentabilidade, incorporando o valor do dinheiro no tempo e as noções de risco –retorno.”

Pelo contexto apresentado acima, fica claro que é a hora e a vez do mercado financeiro fazer a sua jogada de mestre – e já está fazendo. Gestoras de fundos já anunciam prioridade em investimentos sustentáveis, bancos atrelam créditos a relatórios de sustentabilidade e mesmo os investidores pessoa física começam a se preocupar mais em alocar suas reservas em fundos e ações de sustentabilidade.

Cada vez mais fica claro que os investidores não devem atrelar seus investimentos apenas tendo em mãos o relatório de sustentabilidade das empresas. É necessário um due diligence íntegro para entender como elas estão gerindo esses investimentos em conformidade com as estratégias de sustentabilidade. 

De fato, o World Resources Institute (WRI) alerta que apenas reduzir emissões passa longe de ser a única preocupação dos investidores. A gestão climática pode e deve ser um dos indicadores primordiais de investimento. É ela a guiar uma governança integral da empresa rumo ao desenvolvimento sustentável, começando por um inventário, passando por metas de redução e compensação, mas incluindo também os impactos sociais da sua cadeia de valor, por exemplo. 

“As metas do Acordo de Paris não serão cumpridas sem uma transição justa, sem a inclusão de trabalhadores, povos indígenas, comunidades na linha de frente e outros grupos cujas vidas e meios de subsistência se encontram ameaçados pelas ações necessárias para promover uma economia resiliente e de baixo carbono, diz o artigo.

Isso significa que investir em projetos corporativos de resiliência e adaptação às mudanças climáticas deveria ser tão importante para os investidores quanto investir em empresas comprometidas com a mitigação ou redução das emissões. E o motivo é bastante simples. Os efeitos devastadores e severos da mudança do clima afetam a todos, inclusive as empresas nas quais investem, colocando em risco a produção, as ações e a sobrevivência dos seus trabalhadores que, geralmente, residem nas áreas mais afetadas pelos eventos extremos.

Por isso, mesmo que ainda seja um desafio para as empresas quantificar, analisar e reportar riscos relativos às mudanças climáticas, os investidores são chamados desde já a investir em companhias e fundos que apoiam ou desenvolvem projetos de adaptação e iniciativas que priorizam a justiça climática.

Sabemos a necessidade de que todos façam a própria parte. E sabemos também que se o mercado financeiro adotar as finanças sustentáveis como regra e não exceção, a “luz no fim do túnel” ficará cada vez mais clara.

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