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Fortalecendo a integridade dos créditos de carbono no Mercado Voluntário: ações das organizações proponentes de projetos

Cibele Lana 05 jun 2024

Desde 2022, o mercado voluntário de carbono vem sofrendo críticas que envolvem a integridade dos créditos de carbono. Alguns casos, infelizmente, abarcaram projetos no Brasil e despertaram o interesse da mídia.

Após os relatos, a Verra, maior certificadora mundial de créditos de carbono, apertou o cerco, fez revisões em sua metodologia e vem fechando algumas lacunas em seu standard para evitar novas crises. O processo de verificação, por exemplo, ficou mais moroso, mas o escrutínio maior tem sido visto com bons olhos pelo mercado.

Como isso tem impactado as organizações brasileiras que desenvolvem projetos de créditos de carbono? O que elas estão fazendo para reforçar a integridade dos créditos?

Convidamos alguns proponentes de projetos do Programa Compromisso com o Clima para dialogar sobre essas questões.

“As críticas vêm para sanear o mercado, para separar o ‘joio do trigo’ e levantar a régua dos projetos. E temos que nos adaptar a isso: melhorar os projetos, metodologias, análises sociais etc.”

explica Diego Serrano, sócio e diretor técnico da BrCarbon.

A diretora de inteligência e engajamento da Biofílica, Annie Groth, também acredita que o mercado voluntário tem muitas lições aprendidas e reforça a importância da qualidade técnica da sua equipe interna para o enfrentamento dessa crise. “Temos engenheiros florestais, biólogos, agrônomos e especialistas em solo, além de um time de dez pessoas só para a parte geológica, para entender a questão fundiária que, para o Brasil, a gente acha que é um dos pontos principais de integridade dos projetos”.

Na BrCarbon a questão fundiária também é vista como um grande ponto de atenção no desenvolvimento dos projetos. Serrano contou que de 2020 a 2023 a empresa analisou 3 mil imóveis na Amazônia para direcionar essas áreas potenciais.

“Contratamos três empresas de advocacia especializadas em questão fundiária no Norte, ou seja, locais, para fazer análise fundiária dos imóveis. Dos 3 mil, conseguimos emplacar 28 imóveis depois da auditoria”

conta.

Além disso, relata que, no trabalho de campo, também já aconteceu de entrevistar comunitários que não sabiam da existência dos projetos de carbono e, por isso, a empresa tem um trabalho muito sério de envolvimento das comunidades.

“A maior equipe da empresa é social. Além disso, usamos um segundo standard que é o Climate, Community and Biodiversity (CCB) para medir justamente biodiversidade e comunidade. Assim, garantimos que estamos, de fato, investindo em demandas da comunidade como saúde, educação, regularização fundiária”, completa Serrano.

Groth, da Biofílica, ressalta a importância de trabalhar junto a órgãos públicos para avançar em políticas públicas. “Fazemos inteligência de mercado para entender as expectativas e temos uma equipe dedicada a atuar junto aos órgãos públicos”.

Biofílica e BrCarbon são apenas duas das proponentes de projetos com iniciativas selecionadas pelo Programa Compromisso com o Clima.

Os projetos e seus proponentes, selecionados em cada ciclo do nosso programa, são submetidos à avaliação de elegibilidade, avaliação socioambiental e avaliação jurídica. Após a integração dos projetos escolhidos na plataforma Ekos Social, as empresas conseguem negociar diretamente com os proponentes de projetos suas demandas de compensação, já com o aval  de que os projetos são de alta integridade.

Por isso, nosso programa vem ganhando destaque no mercado brasileiro e já conta com o apoio institucional de grandes empresas de diferentes segmentos.

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