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O Parque Nacional Cavernas do Peruaçu pode estar próximo de obter o cobiçado título de Patrimônio Mundial Natural pela UNESCO. Essa conquista poderá contribuir para uma maior divulgação das belezas naturais e das riquezas históricas e geológicas do Parque, além de fomentar o desenvolvimento sustentável na região do Norte de Minas Gerais.
O Governo Federal submeteu o dossiê técnico em fevereiro deste ano e, em outubro, uma missão de avaliação da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) visitou o Peruaçu, com a presença do professor José Bernardo Brilha. Atualmente, o processo aguarda uma avaliação da IUCN e, caso sejam solicitadas complementações, a equipe responsável poderá enviá-las até janeiro do ano que vem. A Assembleia de deliberação com o resultado está marcada para junho de 2025.
Em entrevista exclusiva ao Ekos Brasil, Bernardo Issa, coordenador-geral de Gestão do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, explicou que todo patrimônio que se candidata à lista da UNESCO precisa comprovar seu Valor Excepcional Universal. Isso significa que deve ter um significado cultural e/ou natural que transcenda as fronteiras nacionais e tenha relevância para as gerações presentes e futuras da humanidade.
Issa detalhou que o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu foi inscrito em dois dos quatro critérios exigidos pela UNESCO para Patrimônios Naturais: o critério VII e o VIII.
A beleza do Peruaçu dispensa comentários. A caverna do Janelão possui largura e altura superiores a 100 metros, o que permite a entrada de luz solar e o desenvolvimento de vegetação em suas vastas câmaras. Na dolina dos Macacos, encontra-se a maior estalactite do mundo, a “Perna da Bailarina”, com cerca de 28 metros de comprimento. Além disso, são quase 500 cavidades catalogadas e mais de 114 sítios arqueológicos que registram ocupações humanas datadas de mais de 12.000 anos A.P., muitos com arte rupestre em excelente estado de preservação. Tudo isso em uma zona de transição ecológica entre os biomas do Cerrado e da Caatinga, com bolsões de Mata Atlântica.
Em termos de história e geologia, o Cânion do Rio Peruaçu é um dos exemplos mais notáveis do mundo de um vale cárstico, formado pelo colapso de antigas galerias. Com 17 quilômetros de extensão, o cânion abriga cavernas colossais, dolinas de colapso, diversos espeleotemas, arcos de calcário, pontes naturais e florestas de pedra.
O Peruaçu é um patrimônio espeleológico de destaque no Brasil e no mundo, por sua formação e grandiosidade.
“A rocha matriz, o calcário que o originou, está estável desde que começou a se formar há cerca de 500 milhões de anos. Não se vê grandes dobramentos como era de se esperar em rochas tão antigas. As camadas estão dispostas como foram depositadas. Já o cânion se formou em um passado bem mais recente, desde cerca de 2 milhões de anos para cá, veio sendo escavado subterraneamente, até que mudanças climáticas alteraram o nível de base, gerando o abatimento do teto. O que vemos hoje, com essas grandes cavernas e dolinas, é o testemunho desse processo evolutivo único. É um retrato que preserva informações do passado”, explicou Issa.
O Instituto Ekos Brasil atua no Peruaçu desde 2003, quando desenvolveu o Plano de Manejo do Parque, e mantém um Acordo de Cooperação com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) desde 2017, apoiando e desenvolvendo atividades de gestão e uso público. Por isso, a candidatura tem um significado especial e relevante para toda a equipe.
“Estamos muito felizes com esse avanço no processo de candidatura. O Parque Nacional Cavernas do Peruaçu nos encanta todos os dias e merece esse reconhecimento. As comunidades ao seu redor também merecem e já compreendem que a conservação do parque é sinônimo de desenvolvimento sustentável para sua região e geração de renda para suas famílias”, destacou Jéssica Fernandes, coordenadora do Programa Peruaçu no Instituto Ekos Basil.
De fato, o título de Patrimônio Mundial pode funcionar como um impulso ao desenvolvimento de uma região que ainda apresenta índices preocupantes de pobreza. Com o manejo sustentável do Parque, a economia local pode ser fortalecida ao mesmo tempo em que se conserva a riqueza da biodiversidade.
Issa destaca que o apoio na gestão, como o oferecido pela nossa organização, é “a cereja do bolo, que ajuda a reforçar a maturidade do processo de candidatura”. “O Peruaçu tem um sistema de gestão e conservação muito bem estruturado, com controle de acesso, Conselho Gestor e parcerias importantes, como a do Ekos Brasil. É um Parque de classe mundial em nível de manejo”, complementa.
Acompanhe nosso site e redes sociais para acompanhar o avanço da candidatura do Peruaçu a Patrimônio Mundial Natural da UNESCO.